Há um ponto de encontro entre a lógica de salvação do ser humano e a da globalização? A visão que as religiões têm da pessoa humana é conciliável com a dos dirigentes econômicos?
Para dar resposta a estas questões, o jornal Reforme e o Instituto da Empresa da França organizaram no último fim de semana, na sede do Conselho Econômico e Social, em Paris, um diálogo sobre o tema "As religiões diante da globalização".
O bispo de Rouen e presidente do Conselho para as questões familiares e sociais da Conferência Episcopal da França, Dom Jean Charles Descubes, disse que "o nosso mundo é um mundo no qual cada um vive separado do vizinho. Voltamos a sentir, após este tempo de encontro, a necessidade de reencontrar-nos e instaurar verdadeiramente um diálogo".
Segundo Dom Descubes esta conversa acontece em um caminho de reconciliação. Em sua opinião, a multiplicação desses encontros é o sinal "de uma vontade de diálogo entre dois mundos" que se dizia que se ignoravam: "O dinheiro e a economia de um lado, e Deus do outro".
Explicando os objetivos do encontro, Jean-Luc Mouton, diretor do jornal Reforme, um dos organizadores, reconheceu que "como crentes de diferentes tradições, temos o privilégio de poder encontrar-nos, de encontrar-nos com outras propostas que não sejam simplesmente: 'eu estou do lado dos mercadores', 'eu estou do lado dos explorados'".
"A economia não pode, ela só, dar a felicidade ao homem". É importante, que "os empresários, os responsáveis econômicos, tomem certa distância ante seu trabalho".
"O dinheiro deve ser servidor e não mestre", declara ainda Dom Descubes, que reconhece que se deu "uma inegável convergência de pontos de vista" entre as religiões.