Ao recordar de João Batista presente na liturgia desse domingo, 04, Francisco apontou o advento ser o tempo propício para tirar as máscaras que cada um tem para colocar-se em fila com os humildes
Da redação com Vatican News
Neste segundo domingo do advento o Papa Francisco falou aos presentes, na Praça de São Pedro antes de rezar o Angelus, sobre a graça do tempo litúrgico que a Igreja vive hoje, assim como a necessidade de cada cristão tirar as máscaras que por vezes são colocadas, para verdadeiramente ouvir o grito de João Batista para voltar a Deus e começar uma nova vida. O Pontífice apontou o caminho da humildade como um itinerário seguro para melhor viver o tempo do advento com verdade.
João Batista, homem “alérgico à duplicidade”
A reflexão do Santo Padre foi inspirada na figura de João Batista, um “homem alérgico à duplicidade”. De fato, segundo narra o Evangelho de Mateus (Mt 3, 1-12), ele usava uma roupa feita de pelos de camelo e comia gafanhotos e mel do campo, convidando todos à conversão: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo!”
“Em outras palavras, um homem austero e radical, que à primeira vista pode até parecer-nos duro e incutir um pouco de medo, o que poderia nos levar a perguntar do porquê a Igreja o propõe todos os anos como principal companheiro de viagem no tempo do Advento”.
Mas, questiona Francisco, “o que se esconde por trás de sua severidade, por trás de sua aparente dureza? Qual é o segredo de João? Qual a mensagem que a Igreja nos dá hoje com João?”:
O Pontífice explicou que João, mais que um homem duro é também um homem alérgico à duplicidade. “Ouçam bem isso: alérgico à duplicidade. Por exemplo, quando fariseus e saduceus, conhecidos por sua hipocrisia, se aproximam dele, sua “reação alérgica” é muito forte!”
A hipocrisia pode arruinar as realidades mais sagradas
O Papa ainda refletiu que alguns deles provavelmente o procuravam por curiosidade ou por oportunismo, pois Batista havia se tornado muito popular, tinham uma visão muito positiva de si mesmos, “e diante do apelo contundente do Batista, justificaram-se dizendo: “Abraão é nosso pai”.
Assim, entre duplicidade e presunção, não acolhiam a ocasião de graça, a oportunidade de começar uma nova vida, “eram fechados na presunção de serem justos”. Por isso João lhes diz: “Produzi frutos que provem a vossa conversão!”
Francisco afirmou ser um grito de amor, como o de um pai que vê o filho se arruinar e lhe diz: “Não jogue fora a tua vida!”. Na ocasião recordou os presentes que a hipocrisia é o perigo mais grave, porque pode arruinar até as realidades mais sagradas. Disse que por esse motivo o Batista e Jesus eram duros com os hipócritas.
“É assim: para acolher a Deus não importa a bravura, mas a humildade, este é o caminho para acolher Deus, não a bravura: “somos fortes, somos um povo grande”. Não, a humildade: “Sou pecador”. Mas não de forma abstrata, não: “por isso, isso, isso”, cada um de nós deve confessar a si mesmo, primeiros os próprios pecados, as próprias faltas, as próprias hipocrisias. É preciso descer do pedestal e mergulhar na água do arrependimento”.
Humildade, caminho para vida nova
Francisco observou que as reações alérgicas de João Batista interpelam todos os cristãos porque por vezes agimos como os fariseus. “Talvez olhemos os outros de alto a baixo, pensando ser melhores do que eles, de ter o controle da nossa vida, de não ter a cada dia a necessidade de Deus, da Igreja, de nossos irmãos”.
Falando do advento, o Santo Padre apontou ser o tempo propício para tirar as máscaras que cada um tem para colocar-se em fila com os humildes: “para libertar-nos da presunção de nos acharmos autossuficientes, para ir confessar nossos pecados, aqueles escondidos, e aceitar o perdão de Deus, para pedir desculpas a quem ofendemos. Assim começa uma nova vida”.
Enfatizou que para o tempo do natal que se aproxima faz-se necessário purificar o senso de superioridade, do formalismo e da hipocrisia, para ver nos outros irmãos e irmãs, pecadores como cada um de nós, e em Jesus ver o Salvador que vem para nós, assim como somos, com as nossas pobrezas, misérias e defeitos, sobretudo com a nossa necessidade de sermos elevados, perdoados e salvos.
Com Jesus, sempre existe a possibilidade de recomeçar
E por fim, convidou os fiéis a nunca se esquecerem de que com Jesus sempre existe a possibilidade de recomeçar.
“Nunca é tarde, sempre existe a possibilidade de recomeçar, tenham coragem, Ele está perto de nós e este é um tempo de conversão. Cada um pode pensar: Tenho esta situação dentro de mim, este problema que me envergonha. Mas Jesus está ao teu lado, recomece, sempre existe a possibilidade de dar mais um passo. Ele espera por nós e nunca se cansa de nós”.
Que Maria – disse ao concluir – a humilde serva do Senhor, ajuda-nos a encontrá-lo, a Jesus e aos irmãos no caminho da humildade que é o único que nos faz seguir em frente.