Francisco recebeu no Vaticano, nesta quinta-feira, 29, participantes do encontro internacional de reitores e colaboradores de santuários
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira, 29, na Sala Regia, no Vaticano, cerca de seiscentos participantes do encontro internacional de Reitores e Colaboradores de Santuários. O Pontífice esperava esse momento para encontrar os representantes de vários santuários espalhados pelo mundo.
“Quanto precisamos dos santuários no caminho cotidiano da Igreja! São lugares em que o nosso povo vai com boa vontade a fim de manifestar sua fé na simplicidade e segundo as tradições que aprenderam desde a infância. De várias formas, os nossos santuários são insubstituíveis, pois mantêm viva a piedade popular, enriquecendo-a com uma formação catequética que sustenta e reforça a fé e alimentando, ao mesmo tempo, o testemunho da caridade”, disse Francisco em seu discurso.
“Isso é muito importante: manter viva a piedade popular e não esquecer aquele tesouro que é o número 48 da Evangelii Nuntiandi, em que São Paulo VI mudou o nome de ‘religiosidade popular’ para ‘piedade popular’. É um tesouro! Essa é a inspiração dessa piedade popular que, por outro lado, como disse um bispo italiano: ‘A piedade popular é o sistema imunitário da Igreja. Nos salva de muitas coisas’”, frisou o Papa.
O Pontífice destacou a importância do acolhimento dos peregrinos. “Sabemos que cada vez mais os nossos santuários são meta não de grupos organizados, mas de peregrinos individuais ou pequenos grupos autônomos que vão a esses lugares santos. É triste que em sua chegada eles não encontram ninguém para dar-lhes as boas-vindas e que os acolha como peregrinos que fizeram uma viagem, muitas vezes longa, para chegar ao santuário. Pior ainda quando encontram a porta fechada!”, comentou o Santo Padre
Segundo o Papa é preciso dar menos atenção às exigências materiais e financeiras de um santuário e mais ênfase aos peregrinos. “Eles são os que contam. Devemos dar atenção a cada um deles, fazendo com que se sintam ‘em casa’, como um parente esperado por muito tempo que finalmente chegou”, opinou. De acordo com o Santo Padre, é preciso também considerar que muitas pessoas visitam os santuários porque pertencem à tradição local, porque suas obras de arte atraem ou porque estão situados num ambiente natural de grande beleza e inspiração.
O Pontífice afirmou que os peregrinos, quando bem acolhidos, são mais disponíveis a abrir o coração e a deixar-se plasmar pela Graça. “Um clima de amizade é uma semente fecunda que os nossos santuários podem semear no terreno dos peregrinos, permitindo-lhes reencontrar aquela confiança na Igreja que pode ter sido desiludida pela indiferença recebida”, opinou.
“O Santuário é sobretudo lugar de oração. A maioria dos nossos santuários é dedicada à piedade mariana. Ali, a Virgem Maria abre os braços de seu amor materno para ouvir a oração de cada um e atendê-las. Os sentimentos que todo peregrino sente no fundo do coração são encontrados também na Mãe de Deus. Ali, ela sorri dando consolo. Ali, Ela chora com quem chora. Ali, apresenta a cada um o Filho de Deus em seus braços como o tesouro mais precioso que uma mãe possui. Ali, Maria se faz companheira de caminhada de cada pessoa que olha para ela pedindo uma graça, certa de ser atendida. A Virgem responde a todos com a intensidade de seu olhar que os artistas souberam pintar, guiados do alto na contemplação”, observou o Santo Padre.
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Sobre a oração nos santuários, o Papa sublinhou duas exigências a primeira seria favorecer a oração da Igreja que com a celebração dos Sacramentos torna presente e eficaz a salvação. “Isso permite a qualquer pessoa que esteja presente no santuário de sentir-se parte de uma comunidade maior que de todo canto da terra professa a única fé, testemunha o seu amor e vive a mesma esperança. Muitos santuários surgiram através do pedido de oração feito pela Virgem aos videntes, a fim de que a Igreja não se esquecesse nunca das palavras do Senhor Jesus de rezar sem cessar e permanecer sempre vigilante na espera de seu retorno”, sublinhou.
Segundo o Pontífice, os santuários são chamados a alimentar a oração de cada peregrino no silêncio de seu coração. “Com as palavras do coração, com o silêncio, com suas fórmulas aprendidas na infância, com os seus gestos de piedade, cada um deve ser ajudado a expressar sua oração pessoal. Muitas pessoas vão ao santuário porque precisam receber uma graça e depois voltam para agradecer, por ter recebido a força e a paz na provação. Essa oração torna os santuários lugares fecundos, para que a piedade popular seja sempre alimentada e cresça no conhecimento do amor de Deus.”
Francisco frisou que ninguém nos santuários deve se sentir um estranho, especialmente quando chega ali com o peso de seu próprio pecado. O Santo Padre observou que o santuário é o lugar privilegiado para experimentar a misericórdia que não conhece confim. “Esse é um dos motivos que me impulsionou a desejar a ‘Porta da misericórdia’ também nos santuários durante o Jubileu da Misericórdia. De fato, a misericórdia, quando é vivida, torna-se uma forma de evangelização real, porque transforma as pessoas que recebem a misericórdia em testemunhas de misericórdia”, apontou.
O Sacramento da Reconciliação também foi tema do encontro. Para o Papa, muitas vezes este sacramento feito nos santuários, precisa de sacerdotes bem formados, santos, misericordiosos e capazes de saborear o encontro verdadeiro com o Senhor que perdoa. “Desejo que nunca falte nos Santuários a figura do ‘Missionário da Misericórdia’ como testemunha fiel do amor do Pai que abre os braços a todos e vai ao encontro feliz por ter reencontrado quem se distanciou. As obras de misericórdia pedem para ser vividas de modo particular em nossos santuários, pois nelas a generosidade e a caridade são realizadas de forma natural e espontânea como atos de obediência e amor ao Senhor Jesus e à Virgem Maria.”
O Papa pediu a Nossa Senhora para que ajude e acompanhe os Reitores e Colaboradores de Santuários nessa grande responsabilidade pastoral que lhes foi confiada. “Por favor, não se esqueçam de rezar mim e fazer com que rezem por mim em seus santuários”.
“O Santuário é um lugar de encontro não somente com o peregrino, com Deus, mas também do encontro de nós pastores com o nosso povo. A Liturgia de 2 de fevereiro nos diz que o Senhor vai ao Santuário para encontrar o seu povo, para sair ao encontro de seu povo, entender o povo de Deus, sem preconceitos, com o faro da fé, com a infallibilitas in credendo da qual fala o número doze da Lumen gentium”.
Segundo o Papa, este encontro é fundamental, e enfatizou que se o pastor que está no santuário não consegue encontrar o povo de Deus, é melhor que o bispo dê a ele outra missão, pois não é apto para isso. “Sofrerá muito e fará o povo sofrer”.