O Papa recebeu nesta quinta-feira, 7, as cartas credenciais de Fernando Zegers Santa Cruz como novo embaixador do Chile junto à Santa Sé. Em seu discurso diplomático, o Santo Padre manifestou sua proximidade ao povo chileno, duramente provado pelo terrível terremoto de fevereiro deste ano, e recordou "o esforço imenso que a Igreja Católica no Chile, muitas de comunidades que também foram duramente provadas pelo terremoto, está realizando para tentar ajudar aos que mais necessitam. […] Não me esqueço, tampouco, dos mineiros da região de Atacama e seus entes queridos, pelos quais rezo fervorosamente".
Observando depois que o novo embaixador começa sua missão precisamente no ano que o Chile celebra o Bicentenário de sua independência, o Papa afirmou: "São muito numerosos os frutos que o Evangelho produziu nesta bendita terra. Frutos abundantes de santidade, de caridade, de promoção humana, de busca constante da paz e convivência", e recordou neste sentido a celebração, no ano passado, do 25º aniversário de assinatura do Tratado de paz e amizade com a Argentina que, 'com a mediação pontifícia, colocou fim ao embate austral".
"Esse acordo histórico ficará para as futuras gerações como um exemplo luminoso do bem imenso que a paz traz consigo, bem como a importância de conservar e fomentar aqueles valores morais e religioso que constituem o tecido mais íntimo da alma de um povo. Não se pode pretender explicar o triunfo desse desejo de paz, de concórdia e de entendimento se não se leva em conta o fundo que enraizou a semente do Evangelho no coração dos chilenos", disse.
O Papa também pediu que, frente aos desafios que ameaçam a identidade cultural, seja feito um trabalho junto aos jovens que favoreça um renovado apreço e revalorização de sua fé, história, cultura, tradições e riqueza artística.
Neste contexto, Bento XVI salientou que, "apesar de Igreja e Estado sejam independentes em seus próprios campos, ambos estão chamados a desenvolver uma colaboração leal e respeitosa para servir à vocação pessoal e social das mesmas pessoas. No cumprimento de sua missão específica de anunciar a Boa Nova de Jesus cristo, a Igreja busca responder às expectativas e aos questionamentos dos homens, apoiando-se também nos valores e princípios éticos e antropológicos que estão inscritos na natureza do ser humano".
"Quando a Igreja levanta a sua voz frente aos grandes desafios e problemas atuais, como as guerras, a fome, a pobreza extrema de tantos, a defesa da vida humana desde sua concepção até seu fim natural, ou a promoção da família fundada no matrimônio entre um homem e uma mulher e a primeira responsável pela educação dos filhos, não atua por um interesse particular ou por princípios que somente podem perceber os que professam a fé religiosa. Respeitando as regras da convivência democrática, o faz pelo bem de toda a sociedade e em nome de valores que toda a pessoa pode compartilhar com sua reta razão", concluiu.
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