Nesta Sexta-Feira Santa, 22, o Papa Bento XVI conduziu a tradicional Via Sacra, no Coliseu, em Roma, dentro de todas as celebrações da Semana Santa que preside.
Pela primeira vez, a redação dos textos foi confiada ao mundo monástico agostiniano feminino, através da religiosa Maria Rita Piccione, O.S.A., que é presidente da Federação dos Mosteiros Agostinianos da Itália “Nossa Senhora do Bom Conselho”.
As reflexões deste ano tiveram o objetivo de levar os fiéis a se “agarrarem ao madeiro da Cruz de Cristo ao longo do mar da vida”, conforme é explicado na apresentação das meditações, onde também se evidencia que a Via Sacra não é uma simples prática de devoção popular com caráter sentimental, contudo expressa a essência da experiência cristã.
Cada uma das estações individualizou um passo particular deixado por Jesus ao longo do caminho da Cruz, que o cristão é chamado a copiar. Assim, cada estação marcou as pegadas próprias do caminho em Deus: verdade, honestidade, humildade, oração, obediência, liberdade, paciência, conversão, perseverança, essencialidade, realeza, dom de si mesmo, maternidade e expectativa silenciosa.
No início de cada estação, depois da habitual enunciação, foi lida uma frase breve que pretendia oferecer a chave de leitura da respectiva estação. As leituras proclamadas foram tiradas do Evangelho de João, com exceção das estações sem texto evangélico de referência ou com citação de outros evangelhos. A escolha do evangelho joanino teve como objetivo evidenciar a mensagem da glória da Cruz de Jesus.
Após cada passagem bíblica, foi feita uma reflexão comentando o trecho proclamado e, em seguida, a oração dirigida ao “Humilde Jesus”. Esta prece demonstra o coração de Santo Agostinho (Confissões 7, 18, 24) –, que dá o adjetivo humilde na crucifixão-exaltação de Cristo e é a confissão que a "Igreja Esposa" dirige ao "Esposo" que a redimiu com o seu Sangue.
A preparação dos textos tiveram como base a experiência cotidiana das monjas que desejam, com esta contribuição à Via Sacra, prestar um serviço de amor à Igreja e ao Santo Padre, no ano em que a celebração da Páscoa acontece em 24 de Abril, exatamente no dia de aniversário de batismo de Santo Agostinho.
Já os quadros que ilustraram as diversas estações são de autoria da irmã Elena Manganelli, também monja agostiniana, do Mosteiro de Lecceto (Sena, na Itália), que concedeu a sensibilidade artística feminina e agostiniana à obra.
As imagens – sem figuras nem elementos acessórios – apresentam Jesus sozinho na sua Paixão. Um raio de luz, sempre presente e colocado de modo a formar uma cruz, indica o olhar do Pai, enquanto a sombra de uma pomba, o Espírito Santo, recorda que Cristo, "pelo Espírito eterno, Se ofereceu a Si mesmo a Deus, sem mácula" (cf. Hb 9, 14).
Madre Maria Rita Piccione
A religiosa pertence ao Ermo Agostiniano de Leccetto – um dos eremitérios toscanos do século XIII, berço da Ordem de Santo Agostinho – e é atualmente membro da Comunidade dos Santos Quatro Coroados, em Roma, onde tem a sua sede a Casa Comum de Formação para as noviças e as religiosas professas agostinianas da Itália.
Via Sacra também foi escrita por uma mulher
Esta não é a primeira vez que as meditações são escritas por uma mulher: em 1993, foi escolhida a religiosa beneditina Anna Maria Canopi e, dois anos depois, a tarefa foi confiada a Minke de Vries, monja de uma comunidade protestante suíça.
Já em 2002, as meditações foram escritas por 14 jornalistas inscritos na Sala de imprensa da Santa Sé, incluindo cinco mulheres.
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