Santo Padre enfatiza necessidade de ser um cristão sem nenhum “mas”, ou seja, que sabe aceitar a vontade de Deus
Da Redação, com Rádio Vaticano
Que a graça trazida pela Semana Santa auxilie os cristãos a aceitar a ajuda que Deus lhes dá e o modo como a oferece, sem críticas ou objeções. Este é o ensinamento proposto pelo Papa Francisco na Missa celebrada na Casa Santa Marta na manhã desta terça-feira, 24.
“Fazemos ‘caprichos espirituais’ diante de Deus – que oferece a salvação em mil formas – somente porque somos pessoas que não sabem aceitar ‘o estilo divino’ e nos entristecemos, escorregamos na lamentação… Este é um erro que cometem muitos cristãos hoje, assim como a Bíblia narra que o povo judeu, salvado da escravidão, caía”, disse o Papa.
Francisco começou pelo episódio descrito no Livro dos Números, em que os judeus se rebelam e começam a ‘falar mal de Deus’. Muitos deles são mordidos e mortos por serpentes venenosas. Somente a oração de Moisés, que intercede por eles e ameaça uma serpente com um bastão, simboliza a salvação do veneno.
“Quantos de nós, cristãos nos ‘envenenamos por estar descontentes com a vida. Sim, Deus é bom realmente, mas os cristãos… mas… Não abrem completamente o coração à salvação de Deus e sempre impõem condições. ‘Sim, eu quero ser salvo, mas por este caminho…’. Assim, o coração se envenena”, completou o Papa.
O Santo Padre lembrou que, muitas vezes, as pessoas se dizem enjoadas com o estilo divino, não aceitam o dom de Deus com o seu estilo. Segundo o Papa, isso é um pecado que envenena a alma e não deixa a pessoa seguir adiante. Jesus redimiu esse pecado subindo ao Calvário.
“Ele coloca sobre Ele mesmo o veneno, o pecado, e é elevado. Este torpor da alma, este ser cristãos pela metade, ‘cristãos sim, mas…’; este entusiasmo no início do caminho do Senhor e depois o descontentamento, isso tem cura somente ao olhar para a Cruz, olhar Deus que assume os nossos pecados: o meu pecado está ali”.
Cristãos sem ‘mas’
Na conclusão da homilia, o Papa lembrou que, atualmente, muitos cristãos morrem no deserto da própria tristeza, dos murmúrios e do não querer o estilo de Deus.
“Vejamos a serpente, o veneno, ali, no corpo de Cristo, o veneno de todos os pecados do mundo e peçamos a graça de aceitar os momentos difíceis. De aceitar o estilo divino de salvação, de aceitar também este alimento tão leve do qual se lamentavam os judeus, de aceitar as coisas. De aceitar as vias pelas quais o Senhor me leva adiante. Que esta Semana Santa – que começará no domingo – nos ajude a sair desta tentação de sermos ‘cristãos sim, mas…”.