Vaticano

Papa: Nada, nem mesmo a morte, pode nos separar do amor de Cristo

Neste sábado, o Papa Bento XVI recebeu em audiência mais um grupo de bispos de Quênia, em visita ad limina apostolorum e, em seguida, os participantes da conferência internacional promovida pelo Pontifício Conselho da Pastoral para os Agentes de Saúde, que concluem neste sábado seu encontro. O tema em debate foi "A pastoral nos cuidados dos doentes anciãos".

Para o Papa, a questão dos anciãos é hoje um aspecto central da pastoral da saúde. Graças ao aumento da expectativa de vida, essa pastoral diz respeito a uma população sempre mais numerosa, portadora de múltiplas necessidades, mas, ao mesmo tempo, de indubitáveis recursos humanos e espirituais.

"A velhice constitui a última etapa da nossa peregrinação terrena, que tem fases distintas, cada uma com luzes e sombras próprias. E são cada vez mais freqüentes perguntas como: faz sentido a existência de um ser humano que se encontra em condições muito precárias, porque idoso ou enfermo? Por que continuar a defender a vida, não aceitando a eutanásia como libertação? É possível viver a doença como uma experiência humana a ser assumida com paciência e coragem?", questionou o Papa.

Essas são perguntas com as quais deve se confrontar quem é chamado a acompanhar os idosos enfermos. A hodierna mentalidade baseada na eficiência, afirmou, tende a marginalizar esses nossos irmãos e irmãs sofredores, como se fossem um "peso" e um "problema" para a sociedade. Mas quem tem o sentido da dignidade humana sabe, ao invés, que os idosos devem ser respeitados e amparados quando enfrentam sérias dificuldades relacionadas a seu estado.

"É justo recorrer a tratamentos paliativos para aliviar as penas que derivam da doença. Todavia, além dos indispensáveis cuidados médicos, é preciso mostrar uma concreta capacidade de amar, porque os enfermos necessitam de compreensão, de conforto e de constante encorajamento", recordou o Pontífice.

Em especial, o Santo Padre destacou que os idosos devem ser auxiliados a percorrer de modo consciente e humano o último trecho da existência terrena, para prepararem-se serenamente à morte que, como sabemos nós cristãos, é o trânsito rumo ao abraço do Pai celeste, repleto de ternura e de misericórdia.

O Pontífice recorda ainda que nessa solicitude pastoral aos anciãos enfermos não pode faltar o envolvimento da família. "O ideal é que sejam as próprias famílias a acolhê-los e a cuidar deles com afetuoso reconhecimento, de modo que os idosos possam se preparar para a morte em um clima de calor familiar."

No discurso do Santo Padre, não faltou uma menção ao seu predecessor: "O meu venerado predecessor, João Paulo II, que especialmente durante a doença ofereceu um exemplar testemunho de fé e de coragem, exortou cientistas e médicos a comprometerem-se na pesquisa para prevenir e curar as doenças relacionadas ao envelhecimento, sem nunca ceder à tentação de recorrer a práticas de abreviação da vida idosa e doente, práticas que resultariam ser, de fato, formas de eutanásia".

Por fim, o Papa recordou a vida é dom de Deus, que todos somos chamados a custodiar sempre: "Jesus, morrendo na cruz, deu ao sofrimento humano um valor e um significado transcendentes. Diante do sofrimento e da doença, os fiéis são convidados a não perder a serenidade, porque nada, nem mesmo a morte, pode separar-nos do amor de Cristo".

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