Vaticano

Papa manifesta preocupação com cristãos no Oriente Médio

O Papa Bento XVI manifestou esta segunda-feira, 24, a sua "profunda preocupação" e as suas "orações cotidianas" pelas comunidades do Cáucaso e do Oriente Médio.

"Como não estar seriamente preocupados com as tensões e conflitos que continuam a frustrar todos os esforços de reconciliação e de paz, a todos os níveis da vida civil e política nesta região?", exclamou Bento XVI, que referiu também a tristeza perante "a escalada de perseguição e violência contra os Cristãos em algumas regiões do Oriente Médio e em outras partes do mundo".

"Quando os países envolvidos puderem determinar o seu destino, e os vários grupos étnicos e comunidades religiosas se aceitarem e respeitarem completamente umas às outras, só então se construirá a paz sobre os sólidos alicerces da solidariedade, da justiça e do respeito pelos legítimos direitos dos indivíduos e dos povos", referiu.

O Papa falava no início oficial da visita a Roma do Catholicos de Cilícia dos Armênios, Aram I, acompanhado pelos seus arcebispos, dois bispos e três assistentes. O Patriarca será acolhido também pelo Cardeal Walter Kasper, presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Dom Brian Farrell, secretário do mesmo Conselho, e pelo Padre Joseph Antoine Kélékian, Reitor do Colégio Pontifício Armênio de Roma.

Encontro com Bento XVI

A visita começou na Basílica de São Pedro, onde Aram I fez uma breve oração junto ao túmulo de João Paulo II e uma parada no Largo São Gregório, o Iluminador, fora da basílica, para uma homenagem a este grande Santo, considerado o apóstolo da Igreja Armênia Apostólica.

Em seguida, Bento XVI recebeu o Catholicos no Palácio Apostólico para uma audiência particular. No discurso que lhe dirigiu, o Papa recordou a anterior visita deste Catholicos de Cilícia dos Armênios, em Janeiro de 1997, a João Paulo II, e os múltiplos contatos desde então mantidos entre a Igreja Católica e a Igreja Apostólica Armênia.

Bento XVI lembrou os muitos santos, teólogos e mártires desta Igreja ao longo dos séculos, "elos de um longo testemunho que culminou no século XX, o qual conheceu um tempo de indescritível sofrimento para o vosso povo".

"A fé e devoção do povo armênio tem sido constantemente apoiada pela memória de muitos mártires que foram dando testemunho do Evangelho ao longo dos séculos. Possa a graça desse testemunho continuar a modelar a cultura da vossa nação, inspirando nos discípulos de Cristo uma ainda maior confiança na fecundidade e potência salvadora da Cruz", desejou.

Bento XVI referiu com apreço a participação da Igreja Apostólica da Armênia no diálogo ecumênico entre as Igrejas Ortodoxas Orientais e a Igreja Católica e exprimiu a esperança de que o trabalho em curso no seio da Comissão Internacional, sobre "a natureza, a constituição e a missão da Igreja" possa dar importantes resultados no diálogo teológico.

Depois do encontro com o Papa e da troca de presentes, teve lugar um momento de oração comum na Capela Redemptoris Mater, do Palácio Apostólico.

Aram I disse que "as Igrejas, as religiões, os Estados devem reconhecer todos os genocídios, incluindo o armênio, e devem comprometer-se na prevenção de qualquer genocídio afirmando os direitos de todos os povos à dignidade, à liberdade e à autodeterminação".

Ecumenismo

O encontro teve um forte caráter ecumênico. De fato, o pontífice deu grande ênfase à contribuição dada nestes anos pela Sé de Cilícia e por seus delegados aos "positivos contatos" mantidos entre as Igrejas ortodoxas orientais com a Igreja católica. Nesse sentido, o Papa fez os seguintes votos:

"Devemos ter confiança que o diálogo continuará avançando, uma vez que promete esclarecer questões teológicas que nos dividiram no passado, mas que agora parecem abrir-se a um maior consenso. Estou confiante de que o atual trabalho da Comissão Internacional, dedicada ao tema: 'A natureza, a Constituição e a missão da Igreja', permitirá a muitas das questões específicas do nosso diálogo teológico encontrar o seu justo contexto e a resolução."

Ademais, Bento XVI afirmou que a "maior compreensão" e "o apreço pela tradição apostólica que nós partilhamos contribuirá a um ainda mais eficaz testemunho comum de valores espirituais e morais, sem os quais uma ordem social verdadeira, justa e humana não pode existir".

O chefe da Igreja armênia apostólica de Cilícia observou que não existe outro caminho a não ser o do confronto respeitoso.

O Catholicós armênio citou a Declaração comum subscrita junto com João Paulo II em janeiro de 1997: "O encontro constituiu uma ocasião privilegiada para orar e refletir juntos, para reiterar o seu compromisso e o seu esforço comum pela unidade dos cristãos, renovado e reforçado com o poder do Espírito Santo. Nós continuamos a viagem ecumênica dos nossos predecessores. Nós acreditamos que esse é o único caminho, fortificados pelos mandamentos de amor e unidade de nosso Senhor, que deverá levar-nos a uma missão comum diante da necessidade que o mundo inteiro tem da mensagem do Evangelho que dá vida."

Líbano e Oriente Médio

O Pontífice voltou seu olhar para as difíceis realidades vividas pelas populações do Líbano e do Oriente Médio. Bento XVI disse rezar todos os dias pelas referidas populações afirmando que acompanha os fatos com "profunda preocupação": "A constância de tensões e conflitos continua minando todos os esforços voltados a promover a reconciliação e a paz em todos os níveis da sociedade civil e na vida política e na região".

"Recentemente ficamos muito sentidos com o aumento da violência e da perseguição contra os cristãos em algumas partes do Oriente Médio e em outros lugares. Somente quando os países envolvidos forem capazes de determinar o seu próprio destino, as várias etnias e comunidades religiosas aceitarem e respeitarem plenamente as outras, a paz será construída em sólidos fundamentos de solidariedade, justiça e respeito pelos direitos legítimos das pessoas e dos povos."

O respeito por tais direitos, violados em tempos recentes, encontra-se também na base do que o Santo Padre definiu como "indizíveis sofrimentos" vividos pelo povo armênio durante o século XX. Segundo Bento XVI, são sofrimentos iluminados pelo testemunho de mártires e santos que "ainda hoje modelam a cultura dos armênios". 

Aram I diz: "As Igrejas, as religiões e os Estados devem reconhecer todo genocídio, inclusive o dos armênios, e fazer o possível para evitar novos genocídios, afirmando o direito de todos os povos à dignidade, à liberdade e à autodeterminação."

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