O novo embaixador da Romênia junto à Santa Sé, Bogdan Tataru-Cazaban, apresentou suas cartas credenciais ao Papa na manhã desta quinta-feira, 21.
No discurso ao diplomata, Bento XVI recordou que faz vinte anos que o país decidiu escrever um novo capítulo em sua história, ao abandonar o regime comunista.
No entanto, "tantos anos passados sob o jugo de uma ideologia totalitária deixam cicatrizes profundas na mentalidade, na vida política e econômica e nas pessoas. Após o tempo da euforia da liberdade, vossa nação comprometeu-se com determinação no processo de reconstrução. Sua entrada na União Europeia marcou também um feito importante na busca de uma verdadeira democratização", complementou o Pontífice.
O Santo Padre indicou que essa renovação em profundidade também precisa evitar a construção de uma sociedade embasada somente na busca do bem-estar e do lucro, consequências compreensíveis após um período de mais de 40 anos de privações. "É preciso conseguir que prevaleça a integridade, a honestidade e a sinceridade. Essas virtudes devem inspirar e orientar a todos os membros da sociedade", disse.
Com relação ao mosaico de povos que forma a nação, Bento XVI salientou que tal variedade pode ser vista como um obstáculo para a unidade do país, "mas também como enriquecimento de sua identidade e uma de suas características. […] A gestão do legado do comunismo é difícil, pois favorecia a desintegração da sociedade e do indivíduo. Obscureceram-se, de fato, os valores autênticos em favor de teorias falsas idolatradas pela razão do Estado. Portanto, agora é preciso empreender a difícil tarefa de ordenar justamente as questões humanas, fazendo bom uso da liberdade".
Nesse processo de reconstrução, os laços sociais da família e a educação ocupam o primeiro lugar, de acordo com o Bispo de Roma. "São o terreno em que lançam raízes os valores éticos básicos e onde cresce a vida religiosa".
O Papa também falou sobre a longa e rica tradição religiosa do país, que permaneceu obscurecida durante os longos anos do regime comunista. Para sanar as feridas do passado, propôs dois âmbitos de ação: em nível estatal, a promoção de um diálogo genuíno entre o Estado e os diversos responsáveis religiosos e, em segundo lugar, o fomento de relações harmônicas entre as diferentes comunidades religiosas.
A Igreja Católica percebe o diálogo ecumênico "como um caminho privilegiado para conhecer os irmãos na fé e construir com eles o Reino de Deus, respeitando a especificidade de cada um. O testemunho da fraternidade entre católicos e ortodoxos, em um espírito de caridade e justiça, deve prevalecer sobre as dificuldades e abrir os corações à reconciliação. Nesse campo, foram numerosos os frutos da histórica visita realizada há uma década por João Paulo II, a primeira a uma nação de maioria ortodoxa. Deve-se fortalecer o compromisso de dialogar na caridade e verdade e promover iniciativas conjuntas. Esse diálogo não deixará de ser fermento de unidade e harmonia, não somente em seu país, mas também na Europa", concluiu.
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