Na Missa com os jesuítas

Papa Francisco recorda sacerdote desaparecido na Síria

“Neste momento penso ao nosso irmão na Síria”, disse o Papa Francisco na homilia da Missa celebrada na manhã desta quarta-feira, 31, na Igreja de Jesus, centro de Roma, por ocasião da Festa de Santo Inácio, fundador da Companhia de Jesus, referindo-se ao padre Paolo Dall’Oglio, sacerdote jesuíta desaparecido na Síria.

O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, comentou o desaparecimento do sacerdote, afirmando que “seguimos com atenção, com participação e com afeto: se padre Dall’Oglio está realizando iniciativas para o bem, que alcance seus objetivos. Estamos próximos a ele espiritualmente”. No entanto, acrescentou padre Lombardi, "o Vaticano não tem informações mais detalhadas” sobre o caso.

O jesuíta, após ter vivido 30 anos na Síria – levando adiante uma incansável obra de diálogo e conciliação -, foi expulso por Bashar al-Assad em 2012, passando a viver no Iraque. Mesmo assim, continuou a entrar na Síria pela parte controlada pelos rebeldes, dos quais é amigo. Segundos algumas Agências, Padre Paolo teria entrado na Síria pelo norte, sendo sequestrado em Raqqa por um grupo de integralistas, que fariam parte do grupo que luta por um Estado Islâmico no Iraque e na Síria.

Outra fonte indica que o sacerdote jesuíta poderia estar mediando na Síria, onde estaria desde a sexta-feira, 26, a liberação de um amigo religioso italiano, em poder de um grupo ligado a Al-Qaeda. O silêncio do sacerdote, neste caso, poderia estar ligado aos tempos e modalidades de contato com o grupo e não de sequestro. A última comunicação foi feita no sábado, 27.

“As vias ordinárias, da Nunciatura e da Companhia de Jesus, não tem informações além destas”, disse Pe. Lombardi. “Ele é uma pessoa corajosa, informada sobre o risco, conhece bem aqueles lugares”, acrescentando que “estamos convencidos que o faz por motivos muito elevados, sabe aquilo que faz”.

O ‘Jesuit Social Network’, a associação Centro Astalli, a juventude jesuíta MAGIS e a Revista Populi (da qual Padre Dall’Oglio é colaborador) já haviam lançado um apelo pela liberação imediata do Padre Paolo, do qual não se tem notícias há pelo menos três dias.

No apelo é manifestado “total apoio às populações civis da Síria e Iraque que são submetidas há anos a violência, sofrimentos e maus-tratos. Fazemos um apelo a todas as pessoas que estão envolvidas para que busquem a paz e a estabilidade para o bem de todos e coloquem fim a toda forma de violência e de derramamento de sangue”.

Há poucos dias, o religioso romano lançou um apelo ao Santo Padre, via internet, pedindo a ele para "promover pessoalmente uma iniciativa diplomática urgente e inclusiva para a Síria, que assegurasse o fim do regime torturador e de massacres, salvaguardasse a unidade na multiplicidade do país e permitisse, por meio da autodeterminação democrática assistida internacionalmente, o fim da guerra entre extremistas armados"

Padre Dall’Oglio, de 58 anos, nasceu em Roma. Desde 1982 trabalhou para a restauração do Mosteiro Católico de Deir Mar Musa (Mosteiro de São Moisés Abissínio), no deserto ao norte de Damasco, constituindo uma comunidade monástica aberta ao diálogo com o Islã.

Ao desencadear a “primavera árabe” em Damasco, o sacerdote assumiu uma posição crítica em relação ao regime de Al-Assad, sendo decretada sua expulsão do país.

            

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