Ângelus

Papa faz três apelos e reflete sobre a visão bíblica da história

O Papa Bento XVI encontrou-se ao meio-dia deste domingo, na Praça São Pedro, como o faz todos os domingos, com os fiéis e peregrinos de todas as partes do mundo para a habitual oração mariana do Ângelus.

Numa manhã de sol e frio, o Santo Padre fez três apelos distintos. O primeiro apelo à solidariedade internacional para com o Bangladesh – país que teve sua região sul devastada pela passagem do ciclone Sidr, causando a morte de mais de 2 mil pessoas.

"Ao renovar os meus pêsames às famílias e à toda a nação, a mim tão cara, faço um apelo à solidariedade internacional, que já se mobilizou para atender às necessidades mais urgentes. Encorajo, disse o Papa, a empreender todos os esforços possíveis para levar socorro a estes irmãos tão duramente provados".

O Santo Padre também dirigiu um apelo ao mundo para que proíba de forma definitiva as minas terrestres antipessoais, artefatos mortais que estão à espreita de suas vítimas, protegidas pela invisibilidade, por ocasião da abertura, na Jordânia de uma conferência internacional sobre essas minas.

"A Santa Sé é um dos principais promotores dessa Convenção adotada 10 anos atrás. Exprimo, portanto, de coração os meus votos e meu encorajamento pelo bom êxito da conferência, a fim de que esses artefatos, que continuam a fazer vítimas, entre as quais muitas crianças, sejam completamente abolidos", pediu Bento XVI.
 
A oitava assembléia dos Estados participantes da Convenção de Ottawa, que proíbe as minas antipessoais, foi aberta neste domingo na Jordânia e vai prosseguir até 22 de novembro.

Segundo o último relatório da ONG Campanha internacional para a interdição das minas, foram registradas 5.751 vítimas no mundo em 2007, um número que considera, no entanto, subestimado.

O Papa Bento XVI pediu ainda neste domingo durante a oração do Ângelus, falando em francês, esforços redobrados para sermos prudentes, a fim de proteger nossas vidas e a dos outros nas estradas. O pedido foi feito por ocasião do Dia Mundial em Memória às Vítimas do Trânsito.

O Papa destinou sua oração de hoje a todas as pessoas que morreram em acidentes de trânsito e por suas famílias. Além disso, disse que a prudência na estrada "é um dever de caridade de uns para com os outros".

O dia em memória das vítimas do trânsito, promovido pela Organização Mundial da Saúde, busca sensibilizar sobre um problema que mata 1 milhão e 200 mil pessoas por ano e fere ou deixa incapacitadas outras 50 milhões.

Antes de fazer a série de apelos nesta manhã, na sua alocução tradicional do domingo, Bento XVI recordou que no Evangelho de hoje, Lucas repropõe à nossa reflexão a visão bíblica da história e refere as palavras de Jesus, que convida os discípulos a não terem medo, mas a enfrentarem as dificuldades, incompreensões e até mesmo as perseguições com confiança, perseverando na fé.

O Papa citou em seguida as palavras de Jesus: "Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não vos assusteis. É preciso que primeiro estas coisas aconteçam, mas não virá logo o fim". A Igreja – continuou Bento XVI – recordando sempre essa advertência, desde o seu início vive na oração a espera do retorno de seu Senhor, interpretando os sinais dos tempos e chamando a atenção do fiéis para os recorrentes messianismos, que sempre anunciam como iminente o fim do mundo.

“Na realidade, _ disse o Papa _ a história deve seguir o seu curso, que comporta também dramas humanos e calamidades naturais. Nela se desenvolve um designo de salvação à qual Cristo já realizou na sua encarnação, morte e ressurreição. Este mistério a Igreja continua a anunciar e atuar com a pregação, com a celebração dos sacramentos e com o testemunho da caridade”, destacou.

“Queridos irmãos e irmãs, disse ainda o Santo Padre, vamos acolher o convite de Cristo e enfrentar os eventos cotidianos confiando no seu amor providente. Não devemos temer o futuro, mesmo quando pode nos parecer escuro, porque o Deus de Jesus Cristo, que assumiu a história para abri-la à sua realização transcendente, é alfa e ômega, princípio e fim. Ele nos garante que em cada pequeno mas genuíno ato de amor está todo o sentido do universo, e que quem não hesita a perder a sua vida por Ele, a reencontra em plenitude”.

Neste sentido o Papa recorda as pessoas consagradas que colocaram, sem reservas, a sua vida ao serviço do Reino de Deus.

“Entre elas, gostaria de recordar particularmente as pessoas chamadas à contemplação nos mosteiros de clausura. A elas a Igreja dedica um Dia especial quarta-feira próxima, 21 de Novembro, celebração da apresentação no Templo da Bem-aventurada Virgem Maria. Muito devemos a essas pessoas que vivem daquilo que a Providência lhes concede através da generosidade dos fiéis”.

O Santo Padre recordou ainda durante o Angelus que na tarde deste domingo foi beatificado na cidade italiana de Novara, o Servo de Deus Antonio Rosmini, grande figura de sacerdote e ilustre homem de cultura, animado por um fervoroso amor a Deus e à sua Igreja.

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