O tema do encontro dos bispos italianos este ano é a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium
Da redação, com Rádio Vaticano
O Papa Francisco abriu a 68ª Assembleia Geral da Conferência Episcopal Italiana, CEI, na tarde desta segunda-feira, 18, no Vaticano. Francisco deixou a sua residência na Casa Santa Marta e se dirigiu a pé até a Sala Paulo VI, local do encontro, onde foi acolhido pelo Presidente da Conferência e o Secretário, o Cardeal Angelo Bagnasco e Dom Nunzio Galantino. Depois de uma troca de abraços, os três se encaminharam ao local dos trabalhos, no interior do edifício.
O tema do encontro dos bispos italianos este ano é a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium.
O Pontífice fez um discurso aos bispos de sua Diocese e de toda a Itália ressaltando que neste momento histórico desconfortante, com situações de aflição e atribulação, no país e no mundo, a vocação episcopal é ‘navegar contra a corrente’; ou seja, ser testemunhas alegres de Jesus Cristo e transmitir esta alegria e esperança aos outros. “É-nos pedido para consolar, ajudar, encorajar sem distinção todos os nossos irmãos oprimidos pelo peso de suas ‘cruzes’, erguendo-os com a força que provém de Deus”.
Neste sentido, visto o tema da Assembleia, Francisco disse ao grupo que gostaria de ouvir as suas ideias, as suas perguntas, e compartilhar com os presentes as suas reflexões. Mas iniciou afirmando que “é muito ruim encontrar um consagrado abatido, desmotivado ou ‘apagado’… é como um poço seco aonde as pessoas não acham água para matar a sede”.
Sensibilidade eclesial
Francisco disse que nestes dois anos de pontificado, visitou várias Conferências episcopais e observou a importância da “sensibilidade eclesial” de cada uma, ou seja, a humildade, a compaixão, a misericórdia, a concretude e sabedoria, à imagem dos sentimentos de Deus.
“A sensibilidade eclesial nos leva junto ao povo de Deus para defendê-lo das colonizações ideológicas que lhes roubam identidade e dignidade”, disse o Papa.
Segundo ele, a sensibilidade eclesial se manifesta também nas decisões pastorais e na elaboração de documentos, nos quais não devem prevalecer aspectos teóricos, doutrinais e abstratos – “como se nossas orientações se dirigissem a estudiosos e especialistas, e não ao povo de Deus. Temos que traduzi-los em propostas concretas e compreensíveis”, afirmou.
Prosseguindo, o Papa reiterou que a sensibilidade eclesial se concretiza também reforçando o papel dos leigos em assumir as responsabilidades que lhes competem. “Os leigos que possuem formação cristã autêntica não precisam de um ‘Bispo-piloto’, ou de um ‘monsenhor-piloto’ ou de um estímulo clerical para assumir suas tarefas em todos os níveis: político, social, econômico e legislativo! Eles precisam é de um Bispo-Pastor!” – completou.
“Enfim, a sensibilidade eclesial se revela concretamente na colegialidade e na comunhão entre os Bispos e seus sacerdotes; na comunhão entre os próprios Bispos; entre as Dioceses ricas – materialmente e vocacionalmente – e as que tem dificuldades; entre as periferias e o centro; entre as Conferências Episcopais e os Bispos com o sucessor de Pedro”.
A base e a colegialidade
Em seguida, o Pontífice aprofundou o tema da colegialidade na determinação dos planos pastorais e na divisão dos compromissos programáticos, econômicos e financeiros. Por exemplo, citou que às vezes, a recepção dos programas e a atuação de certos projetos não são “cerificadas”. “São homologadas decisões, opiniões e pessoas; narcotizadas Comunidades… ao invés de se deixar transportar aos horizontes aonde o Espírito nos pode conduzir”.
Outra questão levantada pelo Papa: “Por que se deixam envelhecer tanto os Institutos religiosos, Mosteiros, Congregações, ao ponto que deixam de ser testemunhos fiéis ao seu carisma inicial? Por que não se incorporam, antes que seja tarde demais?”.
A este ponto, o Papa terminou seu discurso, explicando que quis apenas oferecer alguns exemplos de escassez de sensibilidade eclesial. “Durante o Jubileu da Misericórdia, o Senhor nos conceda a alegria de redescobrir e tornar fecunda a misericórdia de Deus, com a qual somos chamados a consolar todos os homens e mulheres do nosso tempo”, rezou o Pontífice.
Os bispos italianos prosseguem sua Assembleia na Sala do Sínodo, no Vaticano, até o dia 21, e no âmbito dos trabalhos, serão eleitos os Presidentes das Comissões Episcopais.