Foram retomadas nas primeiras horas desta quinta-feira, 7, no Canal da Sicília, as operações de busca dos desaparecidos – mais de 250 imigrantes e refugiados – que viajavam na balsa que naufragou nesta quarta-feira, 6, nas proximidades da Lampedusa, pequena ilha italiana a poucas milhas do norte da África.
A balsa afundou em águas territoriais da ilha de Malta, em meio a um mar revolto, cujas condições de navegação continuam proibitivas. Tendo partido da Líbia, a balsa transportava cerca de 300 imigrantes e refugiados somalis, bengalis, sudaneses e eritreus, dos quais somente 53 foram salvos.
Trata-se de um episódio acompanhado pelo Papa com grande pesar e preocupação. A esse propósito, eis a reflexão do diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé e diretor-geral da Rádio Vaticano, padre Federico Lombardi:
"A tragédia da morte no mar de um grande número de imigrantes, que das costas do norte da África buscam alcançar a Europa, atingiu profundamente o Santo Padre, que acompanha com participação e preocupação os episódios dos imigrantes neste período dramático. O Santo Padre e toda a Igreja recordam na oração as vítimas de toda nacionalidade e condição – inclusive mulheres e crianças – que perdem a vida na terrível viagem para fugir de situações de pobreza, de injustiça ou de violência das quais são vítimas, em busca de proteção, acolhimento e condições de vida mais humanas. Recordamos que entre as vítimas dessas tragédias no Mediterrâneo estavam eritreus católicos que se encontravam na Líbia e participavam também da vida da comunidade católica".
Sobre essa enésima tragédia no Mediterrâneo, a Rádio Vaticano entrevistou o Presidente do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, Dom Antonio Maria Vegliò. Eis o que disse:
"Em primeiro lugar, desejo expressar a minha profunda tristeza pelo trágico naufrágio. As condições proibitivas do 'nosso Mar' ceifaram o sonho deles, como o de outros que atravessam essa encruzilhada do desespero. Infelizmente, a opção do transporte via maris – cujas embarcações são comumente administradas por contrabandistas e traficantes sem escrúpulos – é uma alternativa extrema ditada pela impossibilidade de utilizar outros meios, vez que há tempo os países europeus fecharam as fronteiras, introduzindo normas restritivas sobre a entrada desses pobres filhos de Deus".