O Papa deixou o Vaticano via helicóptero rumo à residência pontifícia de verão de Castel Gandolfo na tarde desta quinta-feira, às 17h30 (horário de Roma – 12h30 em Brasília). É o segundo ano consecutivo que Bento XVI decide transcorrer suas férias na cidadezinha da região do Lácio, situada a cerca de 30 quilômetros de Roma.
O Papa tem diante de si os compromissos da Jornada Mundial da Juventude, a ser celebrada no próximo mês de agosto. Além disso, também já estará pensando na viagem à Alemanha, a realizar-se em setembro. Outro compromisso é a conclusão de sua grande obra sobre Jesus de Nazaré, desta vez sobre os Evangelhos da infância. "Ele já começou a trabalhar nos períodos livres dos meses passados, mas, provavelmente, este será o tempo oportuno para levar a obra a cumprimento ou pelo menos para levá-la decisivamente adiante", revela o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, em entrevista à Rádio Vaticano.
O retorno para o Vaticano está marcado para final de setembro. Até lá, apenas os Angelus dominicais permanecem como compromissos para o Papa. As audiências normais, no período de julho, são suspensas, incluindo as Catequeses, que retornam apenas em agosto. Em setembro, mesmo que permaneça em Castel Gandolfo, o dia-a-dia do Santo Padre já retoma a intensidade habitual.
"Nós, de fato, sabemos muito bem que o Papa não é absolutamente uma pessoa que perde tempo: é uma pessoa que usa o seu tempo intensamente, mesmo quando repousa, fazendo as coisas que lhe são mais aprazíveis e habituais, segundo a sua personalidade, que são justamente ler, estudar e escrever", conta padre Lombardi.
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Confira a entrevista na íntegra
Padre Federico Lombardi: Digamos que Castel Gandolfo é a residência de verão dos Papas há muito tempo. Portanto, de certo modo, a exceção foi aquela feita por João Paulo II com alguns períodos de veraneio nas montanhas. Ora, como sabemos, Bento XVI acolheu de bom grado também o convite a passar esse período nas montanhas algumas vezes, mas também sabemos que, em Castel Gandolfo, encontra-se muito bem e que o repouso – que é aquilo de que ele precisa e deseja – talvez seja mais assegurado indo diretamente para lá do que se transferindo por um breve período a um lugar não habitual, onde é preciso, também, mudar hábitos do ponto de vista do ambiente e do desenrolar do dia.
Portanto, Castel Gandolfo tem certamente a vantagem do lugar conhecido, do lugar já preparado e estruturado para uma normal presença do Santo Padre, do lugar certamente tranquilo, também de boa altitude porque certamente mais fresco do que Roma, mas não particularmente alto. Ademais, dispõe dos jardins onde se pode caminhar e passear; os ambientes em que o Papa pode desenvolver aquele trabalho intelectual e cultural, além do tempo de oração, que lhe é particularmente precioso.
Nós, de fato, sabemos muito bem que o Papa não é absolutamente uma pessoa que perde tempo: é uma pessoa que usa o seu tempo intensamente, mesmo quando repousa, fazendo as coisas que lhe são mais aprazíveis e habituais, segundo a sua personalidade, que são justamente ler, estudar e escrever.
Fui surpreendido também no passado, falando com o secretário pessoal do Papa, que me disse muito espontaneamente: "A melhor forma para o Papa repousar é estudar e escrever sobre teologia, Sagrada Escritura, porque são os temas que lhe apaixonam".E todos nós, quando fazemos as coisas com grande gosto e alegria, repousamos.
Rádio Vaticano: Portanto, um período de repouso, mas também de preparação para alguns eventos importantes…
Padre Lombardi: Certamente. O Papa tem diante de si também a viagem à Espanha, para a Jornada Mundial da Juventude, e isso interrompe a normal permanência em Castel Gandolfo: portanto, um motivo a mais para ir agora para Castel Gandolfo, vez que fará uma viagem no mês de agosto. Depois, o Papa certamente já está pensando também na viagem à Alemanha, que é uma viagem muito importante, de grande compromisso, muito esperada na sua Pátria, e esse será um dos temas sobre os quais refletirá.
Podemos também dizer que o Papa tem já programado um trabalho que bem conhecemos: a conclusão da sua grande obra sobre Jesus de Nazaré. Ele nos disse que desejava completá-la com um terceiro volume, embora menor, que é aquele sobre a infância de Jesus, sobre os Evangelhos da infância. Já começou a trabalhar nos períodos livres dos meses passados, mas, provavelmente, este será o tempo oportuno para levar a obra a cumprimento ou pelo menos para levá-la decisivamente adiante.
Rádio Vaticano: Quais são os compromissos que permanecem?
Padre Lombardi: Os compromissos importantes que permanecem, também no tempo de maior repouso do Santo Padre, são sempre os Angelus dominicais: esses permanecem sempre. Acontecerão em Castel Gandolfo, naquele quadro belíssimo do Átrio do Palácio Apostólico, diferente daquele da grande Praça de São Pedro, mais recolhido, em que as pessoas se sentem mais próximas do Santo Padre, que está a poucas dezenas de metros de distância. Também o som do ambiente, mais recolhido, é muito vivaz, ouvem-se todas as falas, todas as diversas expressões das pessoas presentes… Portanto, o Angelus em Castel tem uma característica muito particular, muito bela e familiar.
Depois, as audiências normais no período de julho são suspensas, incluindo as Catequeses. As Catequeses retornarão no mês de agosto e normalmente – depende um pouco do número de pessoas presentes – também aconteceram em Castel Gandolfo, se não houver uma grande multidão que requeira o deslocamento a Roma.
No mês de setembro, por sua vez, a atividade do Papa volta a ser decisivamente mais intensa. Recordamos que no mês de setembro estão programadas também a viagem a Ancona, para a conclusão do Congresso Eucarístico Nacional Italiano e, depois, até o final do mês, a importantíssima viagem à Alemanha. Também as audiências aos visitantes mais importantes são retomadas no mês de setembro com mais intensidade. Portanto, ainda que o Papa geralmente permaneça em Castel Gandolfo no mês de setembro, é um mês de atividade já praticamente 'normal'.
Rádio Vaticano: E quando é o retorno para o Vaticano?
Padre Lombardi: O retorno para o Vaticano, normalmente, é no final de setembro: esse é o esquema. Os meses de permanência em Castel Gandolfo são julho, agosto e setembro.