Francisco fez um discurso sobre a unidade entre as igrejas católica e ortodoxa ao final da Divina Liturgia na Festa de Santo André
Jéssica Marçal
Da Redação
No último dia de sua viagem à Turquia, neste domingo, 30, Papa Francisco participou da Divina Liturgia, na festa de Santo André, patrono do patriarcado ecumênico. Francisco e o Patriarca Bartolomeu I discursaram ao final da celebração e o Pontífice destacou o caminho de unidade percorrido por católicos e ortodoxos.
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Esse momento de encontrou foi, segundo Francisco, uma das dimensões essenciais do caminho para o restabelecimento da plena comunhão, caminho do qual também faz parte o diálogo teológico.
O Santo Padre ressaltou que, nesse caminho de comunhão, é importante respeitar não só as tradições litúrgicas e espirituais, mas também as disciplinas canônicas que regulam a vida dessas Igrejas. Não se trata de submissão ou absorção de um ao outro, disse o Papa, mas de acolhimento dos dons que Deus deu cada um.
“Quero assegurar a cada um de vós que, para se chegar à suspirada meta da plena unidade, a Igreja católica não tem intenção de impor qualquer exigência, exceto a da profissão da fé comum, e que estamos prontos a buscar juntos, à luz do ensinamento da Escritura e da experiência do primeiro milénio, as modalidades pelas quais garantir a necessária unidade da Igreja nas circunstâncias atuais: a única coisa que a Igreja católica deseja e que eu procuro como Bispo de Roma, «a Igreja que preside na caridade», é a comunhão com as Igrejas ortodoxas”.
O Papa mencionou ainda o pedido que há hoje no mundo para que as Igrejas vivam como discípulos de Jesus e uma das vozes que pede isso é a dos pobres. Como exemplo, ele citou os que sofrem com desnutrição grave, com o desemprego e com a exclusão social. Não se pode ficar indiferente diante dessas realidades, disse o Papa.
“Como cristãos, somos chamados a vencer, juntos, a globalização da indiferença – que, hoje, parece deter a supremacia – e a construir uma nova civilização do amor e da solidariedade.
Outra voz que se levanta é a das vítimas de conflitos em várias partes do mundo. Francisco enfatizou que consentir qualquer tipo de violência é um grave pecado contra Deus porque significa não respeitar a imagem de Deus que está no homem.
“A voz das vítimas dos conflitos impele-nos a avançar apressadamente no caminho de reconciliação e comunhão entre católicos e ortodoxos. Aliás, como podemos anunciar com credibilidade a mensagem de paz que vem de Cristo, se entre nós continuam a existir rivalidades e contendas? (cf. Paulo VI, Exort. ap. Evangelii nuntiandi, 77)”.
Francisco concluiu falando dos questionamentos e necessidades dos jovens, já que muitos deles vivem hoje sem esperança. São esses jovens que, segundo o Papa, pedem o avanço no caminho rumo à plena comunhão. “Isto não porque eles ignorem o significado das diferenças que ainda nos separam, mas porque sabem ver mais além, são capazes de captar o essencial que já nos une.
O Pontífice destacou que a Igreja católica e a ortodoxa já seguem rumo à unidade, o que conforta e apoia na persistência nesse caminho. “Imploramos de Deus o grande dom da unidade plena e a capacidade de o acolher nas nossas vidas. E não nos esqueçamos jamais de rezar uns pelos outros”.