O Papa afirmou aos detentos que o diabo procura a rivalidade, a divisão, os bandos e pediu para que eles lutem para saírem vencedores contra o inimigo
Monique Coutinho
Da redação
Nesta sexta-feira, 10, o Papa Francisco cumpre com um de seus últimos compromissos na Bolívia: a visita no Centro de Reeducação de Palmasola, um superlotado cárcere que recebe cerca de cinco mil detentos.
Logo no início do seu discurso, o Santo Padre reconheceu a sua pequenez diante de todos ali presentes, afirmando que ele é apenas um homem perdoado por Deus. “Quem está diante de vós? Poderiam perguntar-se. Gostaria de responder-lhes à pergunta com uma certeza da minha vida, com uma certeza que me marcou para sempre. Aquele que está diante de vós é um homem perdoado. Um homem que foi e está salvo de seus muitos pecados.”
O Santo Padre transmitiu a todos o amor e a esperança através de suas palavras, lembrando que Jesus Cristo veio especialmente para isso: mostrar e fazer visível o amor de Deus. “Um amor ativo, real. Um amor que levou a sério a realidade dos seus. Um amor que cura, perdoa, levanta, cuida. Um amor que se aproxima e devolve a dignidade.”
O Papa recorda dois dos discípulos de Jesus, Pedro e Paulo, que também estiveram encarcerados e foram privados da liberdade. O Pontífice afirma que o que os sustentou diante desta difícil realidade foi a oração.
“Eles rezaram, e por eles se rezava. Dois movimentos, duas ações que geram entre si uma rede que sustenta a vida e a esperança. Sustenta-nos contra o desespero e incentiva-nos a prosseguir o caminho. Uma rede que vai sustentando a vida, a vossa e a das vossas famílias.”
O Bispo de Roma afirma que quando Jesus entra na vida de uma pessoa, ela não fica detida ao seu passado, mas consegue enxergar o presente de uma outra forma, com outra esperança. “A pessoa começa a ver com outros olhos a si mesma, a sua própria realidade. Não fica enclausurado no que aconteceu, mas é capaz de chorar e encontrar nisso a força para voltar a começar.”
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Após expressar essas palavras, o Papa aconselha a todos que se sentirem tristes, mal ou abatidos, a fixar os olhos em Jesus crucificado, colocando diante d’Ele todas as feridas, as dores e também os pecados. “Nas Suas chagas, encontram lugar as nossas chagas; para serem curadas, lavadas, transformadas, ressuscitadas. Ele morreu por vós, por mim, para nos dar a mão e levantar-nos.”
Para o Santo Padre, o sofrimento e a privação podem tornar os corações egoístas e levar ao confronto, mas que também existe a capacidade de transformar esse sofrimento em ocasião de autêntica fraternidade. “Ajudai-vos mutuamente. Não tenhais medo de vos ajudar entre vós. O diabo procura a rivalidade, a divisão, os bandos; lutai para sairdes vencedores contra ele.”
O Pontífice pede para que os detentos levem sua saudação às famílias, lembrando que vale a pena viver e lutar por um mundo melhor, e encoraja os que trabalham no centro penitenciário: “tarefa de levantar e não rebaixar, de dignificar e não humilhar, de animar e não acabrunhar”.
Antes de dar a bênção, o Papa Francisco afirma aos colaboradores do Palmasola que tudo isso é um processo que requer deixar a lógica de bons e maus para passar a uma lógica centrada na ajuda à pessoa. “Gerará melhores condições para todos, porque um processo assim vivido, dignifica-nos, anima-nos e levanta-nos a todos.”