Religiosos de diversos credos unem forças para eliminar, até 2020, todo tipo de escravidão
Jéssica Marçal
Da Redação, com news.va
Nesta terça-feira, 2, Dia Internacional para a Abolição da Escravidão, o Papa Francisco se reúne com líderes religiosos para a assinatura de um documento contra a escravidão moderna e o tráfico de pessoas. A iniciativa histórica é promovida pela Organização Global Freedom Network (GFN), sob inspiração do Papa Francisco e do Primaz Anglicano, Justin Welby.
Introduzindo o encontro, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, destacou o impulso dado pelo Papa Francisco na luta contra a escravidão. “Estamos unidos para declarar compromisso comum nesta luta”, disse o porta-voz vaticano.
Em seu discurso, Francisco agradeceu a todos os líderes religiosos pelo compromisso em favor dos sobreviventes do tráfico de pessoas. Inspirados pelas confissões de fé, os líderes de várias religiões se reúnem nessa iniciativa histórica e concreta para erradicar a escravidão moderna em todas as suas formas.
Trata-se de um problema social que submete dezenas de milhares de pessoas à humilhação e desumanização e atinge, principalmente, os mais fragilizados. Mas cada ser humano é imagem de Deus, lembrou o Papa, e deve ter sua dignidade reconhecida.
“Apesar do grande esforço de muitos, a escravidão moderna segue sendo um flagelo atroz que está presente em grande escala no mundo”, disse o Papa, lembrando que essa realidade se oculta em várias lugares – domicílios, ruas, carros, fábricas – e acontece tanto nas nações ricas como nas pobres. “O pior é que tal situação se agrava a cada dia mais”, acrescentou.
O Pontífice convidou religiosos e o governo, bem como todas as pessoas de boa vontade a dar seu apoio na luta contra a escravidão moderna, baseando-se nos valores humanos que compartilham.
A iniciativa
Esta foi a primeira vez em que católicos, ortodoxos, anglicanos, judeus, muçulmanos e budistas se reuniram no Vaticano para assumir o compromisso das religiões pela eliminação definitiva de toda forma de escravidão em todo o mundo até 2020. Representantes de organizações internacionais, da sociedade civil e empresas também estiveram presentes.
Entre os pontos do acordo, os signatários se comprometem em inspirar todas as pessoas de boa vontade a ações pela erradicação da escravidão moderna, mobilizando jovens, famílias, escolas e universidades para que o tema seja conhecido.
Um convite será enviado a 50 grandes empresas para que seja excluído qualquer tipo de escravidão de seu ambiente de trabalho. O mesmo convite será encaminhado a 162 governos, buscando angariar o apoio público de ao menos 30 Chefes de Estado antes do final do ano.
Outro objetivo será que os países que formam o G20 condenem o tráfico de pessoas e adotem medidas contra esta chaga social e apoiem o acordo. Deverá ser anunciada ainda a instauração de um dia mundial de oração pelas vítimas e por sua libertação.
Além do Papa Francisco, assinaram o documento o arcebispo de Cantuária da Comunhão Anglicana Justin Welby; os Rabinos David Rosen, do Comitê Judei-americano, e o argentino Abraham Skorka, amigo de Francisco; o Metropolita Emmanuel de França, o Sub-Secretário de Al-Azhar, Abbas Abdalla Abbas Soliman, representando o Grão-Imame Mohamed Ahmed El-Tayeb; o Grão Ayatolá iraquiano Mohammad Taqui al-Modarresi e o Sheique argentino Omar Aboud, amigo de Francisco, entre outros.