Papa retomou Missas diárias após retiro; hoje, convida a confiar em Deus mesmo diante das adversidades
Da Redação, com Rádio Vaticano
O Papa Francisco retomou nesta segunda-feira, 14, as Missas na Casa Santa Marta após o retiro quaresmal da semana passada. O Santo Padre recordou alguns fatos dramáticos das últimas semanas, como o sem-teto morto de frio em Roma, as irmãs de Madre Teresa assassinadas no Iêmen, as pessoas que adoecem na “Terra do fogo”, perto de Nápoles para dizer que, diante destes “vales tenebrosos”, a única resposta é confiar em Deus.
O Pontífice se inspirou na primeira leitura do dia, extraída do Livro de Daniel, em que Susana, uma mulher justa difamada pelas más intenções de dois juízes, prefere confiar em Deus e escolhe morrer inocente a fazer o que aqueles dois homens queriam. Francisco advertiu, então, sobre os “vales tenebrosos” dos tempos de hoje.
“Quando nós, hoje, olhamos para os muitos vales obscuros, tantas desgraças, tanta gente que morre de fome, de guerra, crianças com problemas, tantas…. você pergunta aos pais: ‘Mas que doença ele tem?’ – ‘Ninguém sabe: se chama doença rara’. Pensemos nos tumores da Terra do fogo … Quando você vê tudo isso, pergunta: onde está o Senhor? O Senhor caminha comigo? Este era o sentimento de Susana. Também o nosso. Você vê essas quatro freiras trucidadas: serviam por amor e acabaram trucidadas por ódio! Quando você vê que se fecham as portas aos prófugos e eles ficam ao relento, com o frio… Mas Senhor, onde você está?”
Por que uma criança sofre?
“Com posso confiar no Senhor – retomou o Papa – se vejo todas essas coisas? E quando as coisas acontecem comigo, cada um de nós pode dizer: mas como me entrego ao Senhor?” “A esta pergunta há uma resposta”, disse Francisco: “Não se pode explicar, eu não sou capaz”:
“Por que uma criança sofre? Não sei: para mim é um mistério. Somente Jesus no Getsêmani me traz uma luz – não à mente, mas à alma: ‘Pai, este cálice, não. Mas seja feita a Sua vontade’. Entrega-se à vontade do Pai. Jesus sabe que tudo não termina com a morte ou com a angústia, e a última palavra da Cruz: ‘Pai, confio-me em Suas mãos!’, e morre assim. Entregar-se a Deus, que caminha comigo, que caminha com o meu povo, que caminha com a Igreja. E este é um ato de fé. Eu me entrego. Não sei: não sei porque isso acontece, mas eu confio. Você saberá porquê”.
O mal não é definitivo
Este é o ensinamento de Jesus, explicou o Papa: quem se entrega ao Senhor que é Pai, não precisa de mais nada. Mesmo que essa pessoa caminhe por um vale tenebroso, sabe que o mal é um mal momentâneo, o mal definitivo não existirá porque o Senhor está presente.
“Hoje nos fará bem pensar à nossa vida, aos problemas que temos e pedir a graça de nos entregarmos nas mãos de Deus. Pensar em tantas pessoas que não recebem um último carinho na hora de morrer. Três dias atrás morreu um aqui, nas ruas, um sem-teto: morreu de frio. Em plena Roma, uma cidade com todas as possibilidades para ajudar. Porque, Senhor? Sequer um carinho… Mas eu me entrego, porque Tu não desiludes. Senhor – concluiu o Papa – não Te entendo. Esta é uma bela oração. Mesmo sem entender, me entrego nas Tuas mãos”.