Missa de Pentecostes

Papa destaca necessidade da oração para que Pentecostes se renove

Hoje, 50 dias após a Páscoa, celebra-se o dia de Pentecostes. O Papa Bento XVI presidiu uma missa solene na Basílica de São Pedro, lembrando o dia em que o Espírito desceu dos céus com seus dons, ensinando-nos a sermos suas testemunhas e inspirando a obra de evangelização da Igreja, como estensão da obra renovadora de Cristo. Em sua homilia, Bento XVI pediu uma Igreja 'menos ocupada com suas atividades' e 'mais dedicada à oração e mais unida'. No dia em que o Evangelho descreve a descida do Espírito sobre os apóstolos, no Cenáculo, o Papa ressaltou o comportamento interior dos discípulos, todos perseverantes e concordes na oração.

"A concórdia dos discípulos é a condição para que o Espírito Santo venha a nós, e o pressuposto da concórdia é a oração. E isso vale também para a Igreja de hoje, para nós, que estamos aqui reunidos. Se quisermos que o Pentecostes se renove, nos dias de hoje, é preciso que a Igreja seja menos atarefada com seus empenhos, e como nos ensina Maria, se dedique mais à união e à oração", disse o pontífice.

Evocando a imagem do Cenáculo, onde reunida, a comunidade cristã recebeu o Sopro Inspirador, o Papa disse que a metáfora do vento impetuoso de Pentecostes demonstra como é precioso respirar o ar limpo, seja com os pulmões como com o coração: o ar salutar do espírito, que é amor!

"O mundo de hoje está envenenado pela poluição atmosférica, mas também pela poluição moral, que ofusca mentes e corações, com imagens que transformam o prazer, a violência ou o desprezo pelo homem e pela mulher em espetáculo. Assim como não devemos nos acostumar com os venenos do ar, (e por isso, o empenho ecológico é prioritário), não podemos aceitar aquilo que corrompe o espírito", recomendou o Papa.

Outra imagem do Espírito é o fogo. Apropriando-se das energias do cosmos – o fogo – o ser humano quer hoje se afirmar como deus, e transformar o mundo, excluindo, colocando de lado, ou até mesmo rejeitando o Criador. O homem não quer mais ser imagem de Deus, mas de si mesmo; e se declara autônomo, livre, adulto. Nas mãos de um homem assim, o fogo e sua grande potencialidade se tornam perigosos: podem se virar contra a vida e a própria humanidade, como infelizmente, a história nos mostrou.

"As tragédias de Hiroshima e Nagasaki, onde a energia atômica, usada com fins bélicos, semeou a morte em proporções sem precedentes, devem representar uma perene advertência para a humanidade. Poderíamos citar muitos exemplos, menos graves mas igualmente sintomáticos, em nossa realidade cotidiana", prosseguiu, em sua homilia.

Enfim, a narração dos Atos dos Apóstolos revela ainda que o Espírito Santo venceu o medo. Quando desceu sobre eles, refugiados no Cenáculo depois da prisão de seu Mestre, saíram sem temor e começaram a anunciar a todos a boa nova de Cristo, crucificado e ressuscitado.

"Sim, queridos irmãos e irmãs, onde quer que chegue, o Espírito de Deus afasta o medo; faz-nos conhecer e sentir que estamos em mãos do Todo-poderoso de amor, e o que quer que aconteça, seu amor infinito não nos abandona. E o demonstra o testemunho de mártires, a coragem dos confessores, a valentia dos missionários, a franqueza dos pregadores, o exemplo de todos os santos, inclusive adolescentes e crianças".

Enfim, Bento XVI agradeceu vivamente o Coral da Catedral de Colônia, que executou a Missa da Harmonia, de Joseph Haydn, no ano em que decorre o bicentenário de sua morte. "A música e o canto que acompanharam esta liturgia nos ajudam a sermos concordes na oração: uma sublime sinfonia para a glória de Deus", disse.

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