"Os pecados que cometemos nos distanciam de Deus, e se não são confessados humildemente confiando na misericórdia divina, chegam até mesmo a produzir a morte da alma". Foi o que recordou o Papa Bento XVI neste domingo antes da oração do Ângelus, comentando o Evangelho do dia sobre a cura de um leproso ao qual Jesus havia pedido para não revelar o fato e de se apresentar aos sacerdotes para oferecer o sacrifício prescrito na lei de Moisés.
Segundo a antiga lei hebraica, disse o Papa, a lepra era considerada não somente uma doença, mas a mais grave forma de "impureza". Cabia aos sacerdotes diagnosticá-la e declarar impuro o doente, o qual devia ser afastado da comunidade e viver fora da cidade, até a eventual e bem certificada cura.
O Papa acrescentou, "de fato, a lepra constituía um tipo de morte religiosa e civil, e a sua cura uma espécie de ressurreição. Na lepra é possível ver um símbolo do pecado, que é a verdadeira impureza do coração, capaz de nos distanciar de Deus. Não é, de fato, a doença física da lepra, como previam as antigas normas, a nos separar de Deus, mas a culpa, o mal espiritual e moral".
O leproso do Evangelho, porém não ficou calado, ao contrário, proclamou a todos o que tinha ocorrido com ele, e assim, refere o evangelista, um numero ainda maior de doentes acorriam a Jesus de todas as partes, obrigando-O a permanecer fora das cidades para não ser assediado pelas pessoas.
"Este milagre – explicou o Santo Padre aos mais de 40 mil fiéis presentes na Praça São Pedro – se reveste então de um forte valor simbólico".
"Jesus, como havia profetizado Isaías, – disse o Papa – é o Servo do Senhor que carregou os nossos sofrimentos e assumiu as nossas dores. Na sua paixão, se tornará como um leproso, que se tornou impuro por causa dos nossos pecados, separado de Deus: tudo isso Ele fará por amor, a fim de que pudéssemos obter a reconciliação, o perdão e a salvação".
"No sacramento da penitência – conclui Bento XVI – Cristo Crucificado e ressuscitado, através dos seus ministros, nos purifica com a sua misericórdia infinita, nos restitui à comunhão com o Pai celeste e com os irmãos, nos doa o seu amor, a sua alegria e a sua paz".
O Papa concluiu suas palavras antes de recitar o Ângelus pedindo a Nossa Senhora, que Deus preservou de toda mancha de pecado, "a fim de que nos ajude a evitar o pecado e a utilizar frequentemente o Sacramento da Confissão, o sacramento do perdão, que hoje deve ser descoberto ainda mais no seu valor e na sua importância para a nossa vida cristã".
Saudações
Na conclusão da oração mariana, após ter concedido a sua Benção Apostólica o Papa se dirigiu a vários grupos de fiéis em suas respectivas línguas. Falando em polonês, Bento XVI sublinhou o valor social do Evangelho deste domingo, que, disse, "nos mostra Jesus" que, curando um leproso, se inclina sobre a miséria, sobre a doença e sobre o sofrimento humano. E o faz de modo amoroso, discreto e gratuito. "Encontrando a miséria humana, imitamos Jesus, levando ao próximo uma ajuda concreta, uma palavra de conforto e um gesto de consolação", disse o Santo Padre.
Entre os peregrinos de língua italiana, o Papa saudou os jovens participantes no terceiro laboratório nacional sobre o tema "Jovens e Cultura: o trabalho" organizado pelo Serviço Nacional para a Pastoral Juvenil no âmbito do triênio do "Agorá dos Jovens", o projeto da Conferência Episcopal Italiana que teve início com o grande encontro de setembro de 2007, em Loreto, onde mais de 500 mil jovens se encontraram com o Papa.
O Papa também dirigiu a sua saudação aos fiéis de língua portuguesa, presentes neste domingo na Praça São Pedro. "Saúdo com afeto o grupo das paróquias do Barreiro e Vale de Figueira, em Portugal, e demais peregrinos de língua portuguesa, desejando que esta vossa romagem vos ajude a fortalecer a confiança em Jesus Cristo e a encarnar na vida a sua mensagem de salvação. De coração vos agradeço e abençoo. Ide com Deus!"
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