Na solenidade da Ascensão do Senhor, O Papa Bento XVI realizou uma visita pastoral à cidade de Cassino e à abadia de Montecassino, na região italiana do Lácio, onde São Bento de Núrcia fundou o monaquismo ocidental.
No programa da visita pastoral, o Papa celebrou a Santa Missa no "Campo Miranda", no coração da cidade de Cassino, diante de 20 mil pessoas.
Em sua homilia, o Pontífice falou do significado da Ascensão de Cristo, que não está presente em um único texto, proposto pela leitura do dia, mas em toda a Sagrada Escritura. "No Cristo que ascendeu ao céu, o ser humano entrou de modo incrível e novo na intimidade de Deus; o homem encontrou para sempre espaço em Deus."
O céu – explicou o Papa – não indica um lugar acima das estrelas, mas algo muito mais sublime: indica o próprio Cristo, a Pessoa divina que acolhe plenamente e para sempre a humanidade, Aquele no qual Deus e o homem estão para sempre inseparavelmente unidos.
"E nós nos aproximamos do céu, ou melhor, entramos no céu na medida em que nos aproximamos de Jesus e entramos em comunhão com Ele. Portanto, a solenidade da Ascensão nos convida a uma comunhão profunda com Jesus morto e ressuscitado, invisivelmente presente na vida de cada um de nós."
O evangelista Lucas relata que, depois da Ascensão, os discípulos voltaram a Jerusalém "com grande alegria". "Como eles, também nós não devemos ficar parados, fixando o céu, mas, sob a guia do Espírito Santo, devemos ir a todos os lugares e proclamar o anúncio salvífico da morte e da ressurreição de Cristo."
O mistério da ressurreição e da ascensão de Cristo – continuou o pontífice – nos ajuda a reconhecer e a compreender a condição transcendente e escatológica da Igreja, que não nasceu e não vive para suprir a ausência do seu Senhor "desaparecido", mas encontra a razão do seu ser e da sua missão na invisível presença de Jesus. Em outras palavras, a Igreja não desempenha a função de preparar o retorno de um Jesus "ausente", mas, pelo contrário, vive e atua para proclamar a sua "presença gloriosa" de maneira histórica e existencial.
Comentando sua visita a Montecassino, o Papa falou da herança de S. Bento e do seu ensinamento de nada antepor a Cristo, Christo nihil omnino praeponere. Isso nos impulsiona a construir uma sociedade onde a solidariedade seja expressa por sinais concretos. Mas como? questionou o Papa.
A espiritualidade beneditina propõe um programa evangélico sintetizado na expressão "ora et labora et lege": a oração, o trabalho e a cultura. A oração – explicou o papa – é a vereda silenciosa que nos conduz diretamente ao coração de Deus; é o respiro da alma que nos doa novamente paz nas tempestades da vida.
O trabalho é outro pilar da espiritualidade beneditina, em especial a humanização do mundo do trabalho. O Papa então falou da situação crítica de muitos operários da região. "Expresso a minha solidariedade às pessoas que vivem em uma precariedade preocupante, aos trabalhadores que tiveram seus contratos profissionais suspensos e àqueles que foram até mesmo demitidos."
Bento XVI pediu então que sejam encontradas soluções para a crise, criando novos postos de trabalho para que as famílias sejam salvaguardadas.
Por fim, a cultura e a educação, que o monaquismo promove hoje através da transmissão aos jovens dos valores irrenunciáveis do patrimônio humano e cristão. E neste esforço voltado a criar um novo humanismo, Bento XVI destacou a atenção dispensada ao homem frágil, débil, às pessoas com necessidades especiais e aos imigrantes.
"A comunidade que vive em volta de Montecassino – concluiu o Papa – é herdeira e depositária da missão de proclamar que, na nossa vida, ninguém e nada deve tirar o primeiro lugar de Jesus; da missão de construir, em nome de Cristo, uma nova humanidade marcada pelo acolhimento e pela ajuda aos mais fracos."
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