Francisco recebeu os Cônegos Regulares Premontratenses por ocasião do ano jubilar da ordem e falou de oração, Eucaristia, caridade e bens estruturais
Da Redação, com Vatican News
Na manhã desta quinta-feira, 22, o Papa Francisco recebeu um grupo de Cônegos Regulares Premontratenses, por ocasião dos 900 anos da fundação da Abadia de Prémontré, fundada por São Norberto no Natal de 1121.
Na ocasião, apresentou a organização religiosa que ao longo séculos favoreceu uma grande estabilidade e que muitos de seus mosteiros e abadias estão ligados a iniciativas concretas de uma região em particular: Prémontré.
“Esta simbiose já nos dá uma ideia de como estabilidade e missão, vida local e evangelização podem andar de mãos dadas”, disse o Papa. Entretanto, ponderou em seguida que a experiência cristã concreta tem a ver com boas intenções e erros, com recomeçar sempre de novo. “Não é por nada que na profissão de vocês há a promessa de levar uma vida de conversão e comunhão”.
O Pontífice reiterou aos presentes que sem conversão não há comunhão. “É exatamente este recomeçar e se converter à fraternidade que é um testemunho claro do Evangelho, mais do que muitos sermões”
Liturgia das Horas e Eucaristia
Ao falar da Liturgia das Horas e da Eucaristia, hábito diário dos religiosos consagrados, recordou que a liturgia está no coração da espiritualidade dos Cônegos Regulares e envolve todo o povo de Deus. Ao dizer que as portas dos mosteiros e abadias estão abertas a fiéis e peregrinos afirmou: “A cultura da convivência fraterna, da oração comunitária, que também dá espaço à oração pessoal, é o fundamento de uma verdadeira ‘hospitalidade missionária’, que visa fazer com que os ‘estranhos’ se tornem irmãos e irmãs”.
Vocação Missionária
Depois de recordar aos cônegos que no decorrer da história muitos Premonstratenses se tornaram missionários encarnando mais claramente o espírito missionário de São Norberto, o Papa disse: “Os Cônegos regulares são missionários porque, em virtude de seu carisma, procuram sempre partir do Evangelho e das necessidades concretas do povo. O povo não é uma abstração. É formado por pessoas que conhecemos: comunidades, famílias, indivíduos com um rosto. Eles estão ligados à abadia ou ao mosteiro porque vivem e trabalham na mesma região. Algumas vezes eles compartilham uma longa história comum com suas comunidades”.
Compartilhar os bens culturais com a comunidade
O Santo Padre falou também sobre a importância da atividade econômica de uma comunidade religiosa, ao dizer que ela serve à missão e à realização do carisma: ela nunca é um fim em si mesma, mas orientada para um objetivo espiritual. Considerando a frequente necessidade de manutenção e preservação de patrimônios culturais e arquitetônicos, disse ainda que, além de considerar o impacto ambiental, em suas escolhas, a sustentabilidade é um critério chave, assim como a justiça social. Como empregador, uma abadia ou mosteiro pode considerar contratar pessoas que tenham dificuldade em encontrar trabalho ou colaborar com uma agência de emprego social especializada.
Caridade
“Junto com esta preocupação de boa gestão, deve-se ter cuidado com aqueles que estão às margens da sociedade devido à extrema pobreza ou fragilidade e, portanto, de difícil acesso. Algumas necessidades só podem ser aliviadas através da caridade, o primeiro passo para uma melhor integração na sociedade”, partilhou o Papa.
Por fim, Francisco concluiu o encontro com as seguintes palavras: “Seguindo os passos de São Norberto, a piedade dos Premonstratenses tem reservado um lugar cada vez mais central para a Eucaristia, tanto na solene e recolhida celebração comunitária quanto na adoração silenciosa. Assim como Ele está presente para nós no Sacramento, o Senhor quer estar também presente através de nós na vida das pessoas que encontramos. Que vocês, irmãos e irmãs, possam se tornar o que celebram, o que recebem e o que adoram: o corpo de Cristo, e n’Ele se tornar um abrigo no qual muitos possam ser recebidos.