“A partir do Papa: todos. Se um de nós não tem a capacidade de acusar-se a si mesmo não é cristão”, afirma Francisco na homilia de hoje
Da redação, com Rádio Vaticano
Para ser misericordioso com os outros, devemos ter a coragem de nos acusar. Foi o que afirmou o Papa Francisco na missa da manhã desta sexta-feira, 11, na Casa Santa Marta. O Pontífice ressaltou que devemos aprender a não julgar os outros, caso contrário, nos tornamos hipócritas. Um risco, advertiu, do qual todos devem se cuidar, “também o Papa”.
“A generosidade do perdão, generosidade da misericórdia”. O Papa Francisco enfatizou que, nestes dias, a Liturgia nos fez refletir sobre o estilo cristão revestido de sentimentos de ternura, bondade, mansidão e exortou-nos a nos ajudar mutuamente.
Francisco explicou que o Senhor nos fala da “recompensa”: “Não julguem os outros para vocês não serem julgados. Não condenem e não serão condenados”.
“Mas, nós podemos dizer: ‘Mas, isso é bonito hein?’. E cada um de vocês pode dizer: ‘Mas, Padre, é bonito, mas como se faz, como se começa isso? E qual é o primeiro passo para ir por este caminho?’. O primeiro passo o vemos hoje, seja na primeira leitura, seja no Evangelho. O primeiro passo é acusar-se a si mesmo. A coragem de acusar-se a si mesmo, antes de acusar os outros. E Paulo louva o Senhor porque o escolheu e dá graças porque “confiou em mim colocando-me ao seu serviço, porque eu era “um blasfemo, perseguidor e um violento. Foi misericórdia”.
São Paulo, – acrescentou -, “nos ensina a nos acusarmos. E o Senhor, com a imagem do cisco no olho do irmão, e da trave que está no nosso olho, nos ensina o mesmo”. É preciso primeiro remover a trave do próprio olho, acusar-se. “Primeiro passo – reiterou Francisco – acusar-se a si mesmo” e não se sentir “o juiz para remover o cisco dos olhos dos outros”:
“E Jesus utiliza a palavra que usa apenas com aqueles que têm duas caras, duas almas: ‘hipócrita’. Hipócrita. O homem e a mulher que não aprendem a se acusar a si mesmos se tornam hipócritas. Todos, hein? Todos. A partir do Papa: todos. Se um de nós não tem a capacidade de acusar-se a si mesmo não é cristão, não faz parte desta obra tão bonita de reconciliação, de pacificação, da ternura, da bondade, do perdão, da generosidade, da misericórdia que nos trouxe Jesus Cristo”.
O primeiro passo, portanto, reiterou é esse: pedir “ao Senhor a graça da conversão” e “quando ocorre-me de pensar nos defeitos dos outros, parar”:
“Quando me vem a vontade de dizer aos outros os defeitos dos outros, parar. E eu? E ter a coragem que teve Paulo: ‘Eu era um blasfemo, perseguidor, um violento’… Mas quantas coisas podemos dizer de nós mesmos? Poupemos os comentários sobre os outros e façamos comentários sobre nós mesmos. E este é o primeiro passo no caminho da magnanimidade. Porque aquele que sabe olhar somente o cisco no olho do outro, acaba na mesquinhez: um coração mesquinho, cheio de coisas pequenas, cheio de fofocas”.
Pedimos ao Senhor a graça, disse ainda o Papa, “para seguir o conselho de Jesus: ser generosos no perdão, ser generosos na misericórdia”. Para canonizar “uma pessoa – concluiu – existe todo um processo, há necessidade do milagre, e, depois a Igreja”, a proclama santa. “Mas – observou – se se encontrasse uma pessoa que nunca, nunca, nunca falou mal do outro”, poderia sim ser canonizada imediatamente”.