Padre Mário Carminati se assusta com a morte em escala industrial e pede carinho pela vida daqueles que se foram
Da redação, com Reuters
Há quarenta anos, quando se tornou padre, o sacerdote Mário Carminati, que cuida de uma pequena paróquia na cidade de Seriate, na Itália, sabia que teria de lidar com a morte, mas não em escala industrial.
A pandemia causada pelo coronavírus mudou tudo. Os caixões, com seus paroquianos falecidos, chegam, diariamente, e são colocados no chão de mármore da Igreja de São José. Quando não há mais espaço para os caixões acumulados, ele e outros padres dão uma bênção apressada e, em seguida, os caixões são encaminhados ao cemitério.
“O mais triste nisso é que essas pessoas foram colocadas em seus caixões nuas e sozinhas”, disse Carminati à Reuters. “São pessoas que morreram sem que ninguém pudesse vê-los nem ouvi-los, sem a possibilidade de falar com seus entes queridos, sem que ninguém os pudesse confortar”, lamenta o religioso.
Em apenas alguns dias, 90 caixões foram colocados dentro da igreja. Metade, 45 deles, já foram levados; a outra metade foi levada neste sábado, 28.
Como os funerais estão proibidos na Itália, esses ministros estão oferecendo suas bênçãos e um local digno de descanso antes de darem seu último adeus: “Nós os deixamos aqui, na Casa do Senhor; então, Deus — e nós — podemos cuidar deles”, disse o padre.
No Brasil, segundo o último levantamento do Ministério da Saúde, o número de mortes chegou a 92 pessoas. Os infectados somam 3,4 mil.