Sínodo sobre a Família

Padres sinodais fazem primeiras observações sobre relatório divulgado

Após a apresentação do Relatório Geral da primeira semana dos trabalhos do Sínodo, 41 padres sinodais fizeram considerações sobre o texto

Da redação, com Rádio Vaticano

Os trabalhos do 3º Sínodo Extraordinário dos Bispos sobre a Família prosseguem nesta terça-feira, 14, com os grupos menores. Trata-se de uma oportunidade para debater, corrigir e aperfeiçoar o relatório geral divulgado ontem. O texto apresenta o resumo das intervenções dos padres sinodais durante a primeira semana do Sínodo.

Essa fase, que conta com a participação do Papa Francisco, teve início na tarde desta segunda-feira e continuará até a manhã de quinta.

Em um segundo momento, após a apresentação do relatório, feita pelo Cardeal Péter Erdő,  41 padre sinodais tomaram a palavra, durante o tempo destinado às intervenções livres, para comentar o texto do relatório, sublinhando seus aspectos positivos, limitações e lacunas.

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De maneira geral, o relatório foi apreciado pela capacidade de “fotografar” bem as intervenções da primeira semana da assembleia, considerando o “acolhimento” como tema dominante.

“Do Documento emerge o amor da Igreja pela família fiel a Cristo, mas também a sua capacidade de estar perto do homem em cada momento da sua vida, de compreender que, por detrás dos desafios pastorais, estão tantas pessoas que sofrem. O olhar do Sínodo deveria ser o do pastor que dá a vida pelas suas ovelhas, sem as julgar a priori”, observou-se.

Pontos sugeridos

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Contudo, foram indicados aspectos a serem acrescentados para melhorar o texto. Um dos pontos destacados, sugere que, sem por em causa o fato de que a Igreja deve acolher quem se encontra em dificuldades, será bom falar mais amplamente das famílias que permanecem fiéis aos ensinamentos do Evangelho, agradecendo-as e encorajando-as pelo testemunho que dão. “Do Sínodo deveria emergir com mais clareza que o matrimônio indissolúvel, feliz, fiel para sempre, é belo, é possível e está presente na sociedade, evitando portanto focalizar-se sobre as situações familiares imperfeitas”.

Outras reflexões foram no sentido de dar maior atenção ao tema da mulher, da sua tutela e da sua importância na transmissão da vida e da fé; de integrar algumas considerações sobre a figura dos avós no seio do núcleo familiar; de inserir uma referência específica à família como “Igreja doméstica” e à paróquia como “família das famílias”, assim como à Sagrada Família, modelo de referência essencial. Nesta ótica foi também sugerido valorizar mais a perspectiva missionária da família como anunciadora do Evangelho no mundo contemporâneo.

Os padres sinodais apontaram também a necessidade de aprofundar a esclarecer a chamada lei da “gradualidade” que pode estar na base de uma série de confusões. Por exemplo, no que toca ao acesso aos sacramentos para os divorciados recasados, foi dito que é difícil acolher exceções sem que, na realidade, se tornem uma regra comum.

Foi igualmente posto em relevo que a palavra “pecado” quase que não está presente no relatório. Recordou-se também o tom profético das palavras de Jesus, para evitar o risco de conformar-se à mentalidade do mundo presente.

Em relação aos homossexuais, foi evidenciada a necessidade do acolhimento, mas com a justa prudência, a fim de que não se crie a impressão de uma avaliação positiva de tal orientação por parte da Igreja. A mesma atenção foi desejada em relação aos conviventes.

Outros pontos de reflexão apontaram a necessidade de voltar a insistir na importância do sacramento do Batismo, essencial para compreender bem o caráter sacramental do matrimônio e também o seu “ministério” no anúncio do Evangelho.

No que toca à simplificação do processo de nulidade matrimonial, questionou-se a proposta de dar maior competência ao bispo diocesano, pesando excessivamente sobre os seus ombros.

Uma reflexão mais aprofundada e articulada foi considerada oportuna em relação aos casos de poligamia, sobretudo para quem se converte e quer aproximar-se dos sacramentos.

Por fim, em relação à abertura à vida da parte dos casais, se sublinha a necessidade de enfrentar de modo mais aprofundado e decisivo não só o tema do aborto, mas também o da maternidade substitutiva.

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