Papa Francisco e a Cúria Romana iniciaram o retiro quaresmal neste domingo, em Ariccia, cidade próxima a Roma
Da Redação, com Rádio Vaticano
Nesta segunda-feira, 6, o Papa Francisco e a Cúria Romana participaram da primeira meditação dos exercícios espirituais, o retiro do tempo quaresmal realizado em Ariccia, próximo a Roma. O responsável pelas pregações, padre Giulio Michelini, exortou os 74 presentes a se fazerem algumas perguntas sobre a própria vida espiritual.
“A confissão de Pedro e o caminho de Jesus para Jerusalém”, no Evangelho segundo São Mateus, foram o ponto de partida da meditação desta segunda-feira. Padre Michelini exortou os presentes a se perguntarem como tomam as decisões importantes da própria vida. “Faço discernimento baseado em qual critério? Decido impulsivamente, deixo-me levar por aquilo que é habitual, coloco a mim mesmo e meu interesse pessoal acima do Reino de Deus? Ouço a voz de Deus, que fala de modo humilde?”
O sacerdote se concentrou na figura de Pedro e na tradição rabínica. Mediante revelação, Pedro reconhece que Jesus é o Messias. Daí, o religioso franciscano sugere que o Pai tenha falado não somente por meio do Filho, mas tenha falado ao Filho, Jesus, também através de Pedro. É Jesus que revela pouco a pouco a sua vocação, mas realiza gestos também porque é solicitado por outros.
Na vida de Jesus de Nazaré é deixado muito espaço aos encontros, que incidem na sua missão. Segundo a tradição rabínica, com o fim da grande profecia, se considerava que Deus continuasse falando de modos muito humildes, como por exemplo mediante a voz das crianças e dos loucos, com uma comunicação parecida com o sussurro de um vento leve como se deu com o profeta Elias no monte Horebe.
“Tenho a humildade de ouvir Pedro? Temos a humildade de ouvir-nos uns aos outros, estando atentos aos preconceitos ou às pré-leituras que certamente temos, mas atentos a colher aquilo que Deus quer dizer apesar – talvez – dos meus fechamentos? Ouvir a voz dos outros, talvez frágil, ou escuto somente a minha voz?”
Aceitar seguir Jesus e carregar a própria cruz
Em seguida, o pregador dos Exercícios espirituais deteve-se sobre a interpretação daqueles estudiosos que consideram que Jesus soubesse o que estava para acontecer. No Evangelho segundo Mateus, se diz que Jesus se retirava, um verbo que no grego antigo indicava a retirada dos exércitos diante de uma derrota ou de um perigo.
Também Jesus parece retirar-se diante da notícia da prisão do Batista e quando sabe que os fariseus querem matá-lo, mas todas essas retiradas são estratégicas, ressaltou padre Michelini, não são para deter-se: após ter-se retirado, Jesus faz coisas concretas, isto é, começa a anunciar o Reino e a curar os doentes.
“Pergunto-me se tenho a coragem de caminhar até o fim para seguir Jesus Cristo, levando em consideração que isso comporta levar a cruz, como Ele disse, anunciando a ressurreição, a alegria, mas também a provação: ‘Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me’”, concluiu o sacerdote.