Um enviado da ONU tentará persuadir as partes em conflito na Líbia a aceitar um plano que busca um cessar-fogo e um governo compartilhado, mas sem nenhum papel para o líder líbio, Muammar Gaddafi, disse um diplomata europeu.
O diplomata afirmou que propostas informais seriam examinadas minuciosamente pelo enviado especial à Líbia, o senador jordaniano Abdul Elah al-Khatib, que já se reuniu por várias vezes com o governo líbio e rebeldes.
Em Amã, a capital da Jordânia, Khatib disse à Reuters esperar que ambos os lados aceitem suas ideias.
"A ONU está exercendo esforços bem sérios para criar um processo político com dois pilares: um acordo para um cessar-fogo e, simultaneamente, o estabelecimento de um mecanismo para administrar o período de transição", afirmou o senador.
Ele não deu detalhes sobre esse mecanismo.
Em público, o líder líbio permanece firme no poder, dizendo a partidários que nunca aprovará conversações com os rebeldes que iniciaram em fevereiro um levante para pôr fim a seus 41 anos de governo.
"Não haverá nenhuma conversa entre mim e eles até o Dia do Juízo Final", disse Gaddafi a milhares de pessoas em sua cidade natal, Sirte, em uma mensagem de áudio divulgada na quinta-feira. "Eles precisam conversar com o povo líbio… e ele lhes responderá."
No entanto, Gaddafi tem dito que conversações com as potências ocidentais são bem-vindas, sem precondições. Mas os Estados Unidos e a França afirmam ter dado aos representantes dele a mesma mensagem simples: Gaddafi tem de sair.
Gaddafi ampliou sua retórica desafiadora num momento em que há persistentes relatos de conversações. Manifestações pró-governamentais são mostradas quase diariamente pela TV estatal, talvez para lembrar às pessoas de fora que ele ainda pode aglutinar considerável apoio.
A TV informou que Gaddafi faria novo discurso no sábado, desta vez se dirigindo aos egípcios no aniversário de sua revolução – não a deste ano, que derrubou o presidente Hosni Mubarak, mas a liderada pelo pan-arabista Gamal Abdel-Nasser em 1959.
Apesar de meses de apoio dos ataques aéreos da Otan, autorizados por uma resolução da ONU com a finalidade de proteger os civis, parece improvável que os rebeldes líbios destituam rapidamente Gaddafi, que chegou ao poder como um jovem revolucionário influenciado por Nasser.