Bispo ressalta importância da Convenção contra a tortura, mas alerta para a manipulação ideológica de algumas entidades das Nações Unidas
Da Redação, com Agências
O observador permanente da Santa Sé junto à ONU, Dom Silvano Tomasi, realizou, nesta segunda-feira, 5, uma colocação sobre o combate à tortura. A intervenção ocorreu durante uma sessão do 52° Comitê da ONU sobre a Convenção contra a Tortura (CAT), realizada em Genebra, Suíça.
Segundo o bispo, a Santa Sé considera a Convenção uma ferramenta válida para o combate à tortura, que constitui uma grave ofensa contra a dignidade humana, porém, advertiu sobre interpretações erradas a respeito do alcance desta ferramenta.
“O encontro desta manhã foi aberto e sereno. Agora, estamos preparando as respostas para amanhã, de modo a esclarecer, do ponto de vista jurídico, as responsabilidades da Santa Sé, seja na aplicação da Convenção contra a Tortura, seja no que diz respeito aos crimes cometidos contra os menores por parte de membros da Igreja”, afirmou Dom Tomasi em entrevista à Rádio Vaticano.
O bispo esclareceu que existe uma tentativa ideológica de manipular o diálogo sobre a tortura e o texto da convenção, apontando os casos de abuso sexuais cometidos por membros do clero como casos também de tortura.
Segundo Tomasi, a Convenção tem um caráter diferente do que tem sido expressado por algumas ONGs, interessadas em enquadrar os casos de pedofilia de modo polêmico e sem levar em consideração todos os esforços da Santa Sé em combatê-los.
Dom Tomasi reafirmou o empenho da Igreja Católica em prevenir e combater qualquer tipo de abuso contra os menores, e que muito foi feito nos últimos anos para alcançar este objetivo. O bispo informou que, do mesmo modo, os esforços para combater a tortura e todo tipo de violação da dignidade humana têm sido realizados.
O observador esclareceu ainda, que o Vaticano possui, como qualquer outro Estado, a jurisdição sobre as estruturas e pessoas pertencentes ao seu território, mas não sobre todos os membros da Igreja católica. “São duas coisas diferentes: a jurisdição legal e a responsabilidade moral”, explicou o bispo.
O assunto foi abordado devido ao questionamentos sobre a aplicação das convenções assinadas pela Santa Sé e o alcance de suas implicações.
Na tarde desta terça-feira, 6, o observador fará um outro pronunciamento, para esclarecer as dúvidas dos participantes do Comitê.
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