Ângelus

O pecado é a "lepra" que desfigura a humanidade, diz Papa

O Papa disse, no Ângelus desta manhã, na praça São Pedro, que "orgulho e egoísmo são a lepra que deturpa as sociedades contemporâneas, gerando ódio e violência". Bento XVI citou a passagem bíblica em que Cristo cura dez leprosos, doença considerada impura e contagiosa e que exigia um ritual de purificação. E completou que "na verdade, a lepra que realmente deturpa o homem e a sociedade é o pecado; o orgulho e o egoísmo, que geram no homem a indiferença, o ódio e a violência".

"Esta lepra do espírito, que desfigura o rosto da humanidade só pode ser curada por Deus" – disse. "Existem dois níveis de cura: um superficial, que cura o corpo; e outro, mais profundo, que toca o íntimo da pessoa, aquilo que a Bíblia chama de 'coração', e dali se irradia para toda a existência" – explicou o pontífice.

"A cura completa e radical é a salvação – disse, destacando que a própria linguagem comum, que distingue saúde de salvação, nos ajuda a entender que a salvação é muito mais do que a saúde: é, com efeito, uma vida nova, plena e definitiva" – explicou aos cerca de 80 mil fiéis presentes esta manhã na grande praça.

Na narração evangélica da cura dos dez leprosos, dos quais apenas um retorna para agradecê-lo (o estrangeiro de Samaria), Jesus pronuncia a frase 'a tua fé te salvou'. E realmente – continuou o Papa explicando a sua reflexão – é a fé que salva o homem, reabilitando-o em sua relação profunda com Deus, com si mesmo e com os outros; e a fé se expressa com a gratidão. Aquele que, assim como o samaritano curado, sabe agradecer, demonstra que sabe que nem tudo é devido: provém de Deus, mesmo quando nos chega através dos homens ou da natureza. A fé comporta a abertura do homem à graça do Senhor; comporta reconhecer que tudo é dom, tudo é graça. Que tesouro enorme se esconde numa só palavra: obrigado!".

Por ocasião dos 90 anos das aparições marianas em Fátima, onde o pontífice enviou o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, para presidir as celebrações em seu nome, houve uma conexão televisiva com a nova basílica da Santíssima Trindade. Assim, Bento XVI se dirigiu, ao vivo, aos peregrinos e a todos os presentes reunidos no Santuário português:

"Esta minha Bênção para quantos rezam comigo a oração do Ângelus – fisicamente presentes ou unidos pelos meios de comunicação social – de bom grado a estendo aos peregrinos congregados no Santuário de Fátima, em Portugal. Lá, desde há noventa anos, continuam a ecoar os apelos da Virgem Mãe que chama os seus filhos a viverem a própria consagração batismal em todos os momentos da existência. Tudo se torna possível e mais fácil, vivendo aquela entrega a Maria feita pelo próprio Jesus na cruz, quando disse: "Mulher, eis o teu filho!". Ela é o refúgio e o caminho que conduz a Deus. Sinal palpável desta entrega é a reza diária do terço. Enquanto saúdo o Senhor Cardeal Legado Tarcisio Bertone, o Senhor Bispo de Leiria-Fátima e todo o Episcopado Português, bem como os demais Bispos presentes e cada um dos peregrinos de Fátima, a todos exorto a renovarem pessoalmente a própria consagração ao Imaculado Coração de Maria e a viverem este ato de culto com uma vida cada vez mais conforme à Vontade divina e em espírito de serviço filial e devota imitação da sua celeste Rainha. Nunca esqueçais o Papa!"

A nova igreja estava completamente lotada e milhares de pessoas tiveram que acompanhar a cerimônia fora do edifício. Na homilia da missa, o cardeal Tarcisio Bertone destacou a atualidade de Fátima, "lugar escolhido por Nossa Senhora para oferecer, através dos três Pastorinhos, uma mensagem maternal à Igreja e ao mundo inteiro".

O enviado do Papa mostrou a sua alegria pela profunda veneração pelo Sucessor de Pedro que se respira em Portugal. E disse que, completados noventa anos das aparições, Fátima continua a ser um farol de consoladora esperança, mas também um forte apelo à conversão" – indicou.

Mais de 350 mil pessoas passaram, nestes últimos dias, pelo Santuário de Fátima.

Após sua mensagem aos portugueses, o Papa fez saudações em outras línguas, como o faz todos os domingos. Hoje, o pontífice falou em espanhol, francês, alemão, eslovaco, inglês, polonês, e italiano.

Em polonês, Bento XVI recordou que hoje, a Igreja na Polônia celebra o 'Dia do Papa', uma ocasião para rezar pela beatificação do Servo de Deus João Paulo II, de reflexão sobre seus ensinamentos e de gestos de caridade, como ele amava solicitar. Bento XVI disse aos poloneses que ele se associa a esta iniciativa e abençoa a todos, de coração.

Em italiano, o pontífice voltou a lançar um apelo para que cesse a violência no Iraque, e em particular, para que sejam libertados dois sacerdotes católicos da arquidiocese sírio-católica de Mossul, seqüestrados e ameaçados de morte.

"Apelo aos seqüestradores para que libertem rapidamente os dois padres, e afirmo mais uma vez que a violência não leva a nada" – disse Bento XVI, unindo-se a todos aqueles que têm no coração o futuro da região.

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