Em seu discurso, Francisco enfatizou que essa instituição “ganhou o respeito da sociedade espanhola, pois a Caridade e o Amor são os traços essenciais do ser humano”
Da Redação com Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira, 5, na Sala do Consistório, no Vaticano, uma delegação da Caritas da Espanha por ocasião de seus 75 anos de fundação.
No pronunciamento, o Santo Padre destacou que a instituição “ganhou o respeito da sociedade espanhola, pois a Caridade e o Amor, com letras maiúsculas, são os traços essenciais do ser humano, criado à imagem de Deus, portanto, a linguagem que mais nos une”.
O Pontífice frisou que acha muito importante esse movimento de reconhecimento, porque ajuda todos a verem como o modo divino de amar pode ser a diretriz do trabalho da Caritas. Com isso, incentivou o organismo ao “esforço de reconquistar essa unidade que às vezes se perde nas pessoas e comunidades”.
Os desafios que permeiam a missão
Francisco também destacou alguns desafios da Caritas Espanhola, como a necessidade de trabalhar a partir das capacidades e potencialidades, acompanhando os processos. “Na verdade, não são os resultados que nos movem, mas nos colocarmos diante daquela pessoa que está destruída, que não encontra seu lugar, e acolhê-la, abrir caminhos de restauração para ela, para que possa encontrar-se, ser capaz, apesar de suas limitações, buscar seu lugar e se abrir para os outros e para Deus”.
Outro desafio apontado pelo Pontífice foi justamente a realização de ações significativas. “Não são suficientes gestos que buscam ‘sair do caminho’, mas não promovem uma mudança verdadeira nas pessoas”. Ele ressaltou que, numa paróquia na Espanha, as pessoas perguntaram ao pároco se ele dava uma ajuda, ou seja, se podiam aproveitar daquela conjuntura ‘assistencialista’ que na realidade os mantém acorrentados ao subsídio, impedindo seu desenvolvimento.
O Papa, apontando para Jesus, lembrou que com Sua vida e Seu trabalho, Ele disse claramente que não basta “dar”, é preciso “doar-se”. “A caridade sempre supõe uma doação oblativa da própria vida. Isso será significativo, além de uma ação concreta, quando oferecer à pessoa uma porta aberta para uma vida nova”.
Cuidado com os elogios
Francisco ainda exortou os presentes sobre os elogios. “Se formos procurados e elogiados só porque as pessoas comem pão, e nos sentimos como reis por essa razão, estaremos traindo a mensagem de Jesus. O Senhor nos propõe ser fermento de um reino de justiça, amor e paz. Ele nos pede para sermos aqueles que dão de comer ao seu povo aquele pão partido que é Ele mesmo, ensinando-nos que aquele que quer ser realmente grande deve ser o servo de todos”.
Por fim, o Pontífice elencou aos presentes o último desafio institucional: “ser um canal de ação da comunidade eclesial”. Com isso, quis dizer que ser canal não e simplesmente ter uma gestão mais ordenada de recursos, ou um espaço para descarregar a responsabilidade da delicada missão eclesial. “Ser um canal deve ser entendido como a oportunidade de tornar essa experiência única e necessária para a qual o Senhor nos convida”, concluiu o Papa.