Congresso no Vaticano

Novo modelo de sexualidade e caminho para prevenção da Aids

“Inclinar-se, como o Bom Samaritano, junto ao homem ferido abandonado na beira da rua é realizar aquela 'justiça maior' que Jesus pede aos seus discípulos e pratica em sua vida: cumprir aquela Lei é amar”. Estas palavras do Papa Bento XVI marcaram o Congresso dedicado à “Centralidade da pessoa na prevenção e no tratamento da HIV/AIDS”, encerrado ontem no Vaticano.

O encontro foi promovido pelo Pontifício Conselho da Pastoral para os Agentes de Saúde e pela fundação "O Bom Samaritano".

Na prática, o presidente do dicastério vaticano, Dom Zygmunt Zimowski, explicou que centrar-se na pessoa significa primeiramente “uma mudança de comportamento” e, assim, propor “um novo modelo de sexualidade, inspirado nos valores da fidelidade conjugal e da família, mesmo que este seja o caminho mais difícil”. Concretamente, “privilegiar opções que promovam o crescimento humano da pessoa, a plena consciência da doença, o senso de responsabilidade pelos outros, a compreensão do mistério do homem”.

Já o observador permanente da Santa Sé na ONU, Dom Silvano Tomasi, , destacou a relevância de favorecer o acesso gratuito à terapia antiretroviral, que garante maior sobrevivência e melhor qualidade de vida às pessoas doentes. “Todavia – ressalvou – o caminho é ainda longo, porque 33 milhões de pessoas no mundo vivem com a doença; para cada pessoa que consegue acessar à terapia, duas novas se contagiam; 7100 infecções surgem a cada dia; e 10 milhões de pessoas que precisam dos medicamentos não têm possibilidade de assumi-los”.

O Congresso foi também ocasião para a apresentação de iniciativas, como a experiência “DREAM”, da Comunidade de Santo Egídio, que oferece assistência de saúde estruturada e capilar nas regiões mais pobres da África; a proposta da Fundação “O Bom Samaritano”, que elaborou um Modelo de Ação Integrado que promove o acesso gratuito aos medicamentos; a formação de pessoal médico e enfermeiros locais; a construção de laboratórios para análises, diagnósticos e tratamento.

Todas as propostas tiveram em comum a idéia de contrastar efeitos e causas da epidemia de AIDS no mundo à luz da mensagem proposta pela Igreja: “sim à vida vivida nobre e humanamente, no respeito do corpo próprio e dos outros”.

          

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