Falamos de Deus, da Igreja, da humanidade de hoje e, sobretudo, do fato que a Igreja somos nós próprios e que neste caminho todos devemos colaborar.
Foi assim que Bento XVI, dirigindo-se aos fiéis de Auronzo, perto de Lorenzago di Cadore, do átrio da Igreja de Santa Justina, resumiu o conteúdo do diálogo que acabara de concluir com os padres das dioceses de Belluno-Feltre e de Treviso.
Durante o encontro, que se desenrolou de forma dialogada, foram apresentadas ao Papa dez perguntas centradas na formação de uma consciência moral sobretudo nos jovens, o ministério sacerdotal e a reorganização da vida pastoral, também à luz da falta de sacerdotes, a evangelização em terras de emigração, como a região italiana do Veneto, e o necessário diálogo com populações de diferentes credos religiosos, como levar Deus à sociedade, a pastoral dos divorciados e dos que se casaram de novo, e finalmente a atuação do Concílio.
Ao sair do encontro, respondendo aos jornalistas, o próprio Santo Padre explicou que durante o diálogo "falamos da Igreja, de Deus, da humanidade de hoje".
"A Igreja somos nós mesmos e neste caminho todos temos de colaborar", reconheceu.
Dado que o encontro estava reservado aos sacerdotes, os jornalistas não puderam escutar as respostas. Os conteúdos foram difundidos através de um resumo feito pelo Padre Federico Lombardi, S.J., diretor da Sala de Informação da Santa Sé. As perguntas dos sacerdotes ofereceram ao Papa a possibilidade de falar sobre questões como a evangelização e o diálogo respeitoso com as demais religiões, em um contexto de forte imigração.
O pontífice respondeu também à questão "sempre delicada que afeta muitas pessoas", explica o Pe. Lombardi, "dos divorciados que voltam a se casar". Em particular, explicou "como conciliar misericórdia e verdade".
Outros temas do diálogo foram a fidelidade ao Concílio Vaticano II e a seu espírito, o desafio da formação dos jovens e de sua consciência moral, os problemas da vida sacerdotal, as prioridades de seu ministério na situação atual.
"A essência do cristianismo não pode ser considerada simplesmente como um conjunto de dogmas", acrescentou o Papa, segundo referiu o Padre Lombardi. A melhor maneira de testemunhar Deus aos homens consiste em anunciá-lo na vida de todos os dias, "com amor, fé e esperança".
A religião católica deve ser vivida "com os pés na terra e os olhos dirigidos ao céu", recordou. Portanto, uma boa pastoral "ajuda a ver a beleza de todos os dons", declarou, suscitando um aplauso entre os sacerdotes.
Os católicos, afirmou, devem ser homens que receberam e reconheceram que a luz de Deus dá sentido e esplendor ao mundo inteiro. E, portanto, dá sentido à vida.
"Entre os sacerdotes presentes, não se perdia nenhuma palavra de seus lábios", referiu o porta-voz vaticano. Na saída do encontro, o Papa confessou que este período "belíssimo" de férias na terra dos Montes Dolomitas foi de descanso "não só para o coração, mas também para a alma".
"Não só respirei este ar, dom do Criador, mas também este ar de amizade e de cordialidade pelo qual me sinto profundamente agradecido", reconheceu.
Após a visita a Auronzo, o Papa regressou à casa de Lorenzago di Cadore, onde continua suas férias até sexta-feira, 27. O Santo Padre tem aproveitado suas férias alternando momentos de estudo e de oração.
Nesta sexta-feira, Bento XVI retorna a Roma, e em seguida transfere-se para Castel Gandolfo, residência pontifícia de Verão.