Discurso à ONU

No mundo, é mais fácil se armar do que se alimentar, diz Arcebispo

O Núncio Apostólico da Santa Sé nas Nações Unidas, Dom Celestino Migliore, se pronunciou, ontem, 19, na sede da Organização, em Nova York, no âmbito de um debate sobre a manutenção da paz e da segurança, o reforço da segurança coletiva e o desarmamento.

O Arcebispo iniciou seu discurso pedindo mecanismos de controle mais eficazes para reduzir o tráfico de armas. Recentemente, a Assembléia Geral da ONU adotou um acordo que representou o primeiro passo para regularizar e estabelecer vínculos globais para o comércio de armas. "A Santa Sé, garantiu Dom Celestino Migliore, apóia e encoraja este compromisso e está pronta a oferecer sua contribuição".

O observador permanente da Santa Sé citou as palavras de um representante africano, pouco tempo atrás: "Para cada africano, existem 7 projéteis ilícitos e 3 armas apontadas contra". "Esta situação é escandalosa, especialmente hoje, quando sabemos que uma parte inadmissível da população do mundo vive ainda abaixo da linha da pobreza", disse o Arcebispo em seu pronunciamento.

A ausência de regras e empenhos formais para a redução de arsenais gerou um mundo no qual é mais fácil obter armas do que comida, proteção e educação. "Se dedicássemos apenas uma parte do 1,3 trilhão de dólares destinados a armas para promover o crescimento social, econômico e espiritual dos povos, criaríamos não somente um mundo melhor e mais seguro, mas promoveríamos um renovado respeito pela vida e pelo próximo".

Através do Núncio, a delegação da Santa Sé dá voz às centenas de milhares de pessoas da República Democrática do Congo que clamam por justiça, paz, segurança e a chance de viver simples e dignamente em sua própria terra. A Santa Sé condena com firmeza os massacres que se realizam sob os olhos da comunidade internacional e pede todos os esforços possíveis para deter esta tragédia humana.

O Protocolo de prevenção, controle e redução de armas pequenas e leves, assinado em Nairóbi, em 2006, é uma etapa importante para estabelecer padrões de proteção da população civil nos Grandes Lagos, no Chifre da África e países fronteiriços, e a Santa Sé apela por sua implementação, com urgência.

Concluindo, a delegação da Santa Sé defende a necessidade de desenvolver um novo consenso para alcançar as metas de segurança e respeito dos direitos humanos no mundo. Maiores esforços, disposição política, transparência, flexibilidade e franqueza são necessários. Mas, para iniciar este processo, a condição primária é que as nações cumpram os acordos assinados e ratificados, disse Dom Celestino Migliore.

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