Durante homilia na celebração da Vigília Pascal, Papa Francisco falou enfatizou: “as pedras começam a gritar”
Denise Claro
Da redação
O Papa Francisco presidiu na noite deste Sábado Santo, 31, a solene celebração da Vigília Pascal, na Basílica Vaticana.
Durante a homilia, Papa Francisco falou sobre o silêncio dos discípulos:
“Começamos esta celebração no átrio externo, imersos na escuridão da noite e no frio que a acompanha. Sentimos o peso do silêncio diante da morte do Senhor, um silêncio em que cada um de nós se pode reconhecer e que penetra profundamente nas fendas do coração do discípulo, que, à vista da cruz, fica sem palavras.
São as horas do discípulo emudecido face à amargura gerada pela morte de Jesus: Que dizer diante desta realidade? O discípulo que fica sem palavras, tomando consciência das suas reações durante as horas cruciais da vida do Senhor: diante da injustiça que condenou o Mestre, os discípulos guardaram silêncio; diante das calúnias e falsos testemunhos sofridos pelo Mestre, os discípulos ficaram calados. Durante as horas difíceis e dolorosas da Paixão, os discípulos experimentaram, de forma dramática, a sua incapacidade de arriscar e falar a favor do Mestre; mais ainda, renegaram-No, esconderam-se, fugiram, ficaram calados (cf. Jo 18, 25-27).”
O Pontífice lembrou que os discípulos se sentem enrijecidos e paralisados, oprimidos. “É o discípulo de hoje, emudecido diante duma realidade que se lhe impõe fazendo-lhe sentir e – pior ainda – crer que nada se pode fazer para vencer tantas injustiças que vivem na sua carne muitos dos nossos irmãos.”
E comparou que no meio dos “nossos silêncios”, quando se cala, então começam a “gritar as pedras”: “A pedra do sepulcro gritou e, com o seu grito, anunciou a todos um novo caminho. Foi a criação a primeira a fazer ecoar o triunfo da Vida sobre todas as realidades que procuraram silenciar e amordaçar a alegria do evangelho. Foi a pedra do sepulcro a primeira a saltar e, à sua maneira, a entoar um cântico de louvor e entusiasmo, de júbilo e esperança no qual todos somos convidados a participar.”
Francisco ressaltou que o túmulo vazio quer desafiar, mover, interpelar, mas sobretudo quer encorajar aos cristãos a crer e confiar que Deus “Se faz presente” em qualquer situação, em qualquer pessoa, e que a sua luz pode chegar até aos ângulos mais imprevisíveis e fechados da existência.
“Ressuscitou da morte, ressuscitou do lugar donde ninguém esperava nada e espera-nos – como esperava as mulheres – para nos tornar participantes da sua obra de salvação.”
O Papa reforçou que é necessário que deixemos que nossa esperança seja sustentada e transformada em gestos concretos de caridade. E finalizou:
“A pedra do sepulcro desempenhou o seu papel, as mulheres fizeram a sua parte, agora o convite é dirigido mais uma vez a ti e a mim: convite a quebrar os hábitos rotineiros, renovar a nossa vida, as nossas escolhas e a nossa existência; convite que nos é dirigido na situação em que nos encontramos, naquilo que fazemos e somos; com a «quota de poder» que temos. Queremos participar neste anúncio de vida ou ficaremos mudos perante os acontecimentos?”
Durante a celebração foram batizados oito catecúmenos, naturais da Albânia, Itália, Peru, Nigéria e Estados Unidos.