Luca Casarini, chefe de missão da ONG ‘Mediterranea Saving Humans’ relata sua mais recente missão de resgate, na qual 58 migrantes foram salvos no Mediterrâneo
Da redação, Vatican News

A ONG Mediterranea Saving Humans resgatou 58 migrantes no Mediterrâneo / Foto: Reprodução Youtube
No domingo, 13, pelo menos 500 migrantes foram resgatados e levados para Lampedusa, uma das ilhas Pelágias que ficam ao sul da Itália, no Mar Mediterrâneo. Enquanto isso, nas águas que separam a Europa e o Norte da África, pelo menos 18 navios de frotas da sociedade civil estão atualmente realizando missões de busca e salvamento.
A Missão Mare Jonio
A missão mais recente ocorreu na zona de Busca e Resgate da Tunísia e foi concluída pela ONG Mediterranea Saving Humans. Foi um resgate dramático e inesperado após 10 horas de navegação, graças a uma denúncia da Alarm Phone Hotline, um projeto de suporte emergencial para pessoas no mar. Os 58 migrantes a bordo, tendo partido da Líbia, estavam à deriva há mais de 22 horas e estavam completamente exaustos e sem esperança. Luca Casarini, chefe da missão, que atualmente está participando do Sínodo dos Bispos no Vaticano, foi um dos primeiros a compartilhar as notícias dos eventos da noite.
Campos de detenção líbios em plena capacidade
Em uma entrevista à mídia do Vaticano, Luca Casarini condenou o flagrante desrespeito aos direitos humanos, não apenas na Líbia, mas em todos os centros de detenção onde os migrantes são mantidos antes de chegarem à Europa. “Interceptar migrantes se tornou um negócio”, explica Casarini. “E isso nos leva a outra questão urgente: a abertura do centro de detenção e expulsão da Itália na Albânia. Este é um precedente perigoso porque efetivamente corrói o direito de asilo, um pilar fundamental de nossas democracias desde a Segunda Guerra Mundial”.
O Mediterrâneo: um cemitério
Desde janeiro, pelo menos 1.400 pessoas morreram no Mediterrâneo central, 20% delas crianças. “De certa forma, elas morreram porque não foram resgatadas”, enfatiza Casarini. Ele ressalta que há navios militares nessas águas, “mas eles não são encarregados de busca e resgate, o que é incompreensível.”
“Milhares morrem no Mediterrâneo porque os estados não oferecem ajuda”.
Aumentando a conscientização pública
Refletindo sobre o significado de sua presença no Sínodo, Casarini é claro: “É uma oportunidade incrível de ver que os problemas que enfrentamos no Mediterrâneo são os mesmos que as pessoas enfrentam em todo o mundo. É também uma chance de pensar sobre um novo futuro, um que começa com aqueles que estão sofrendo, aqueles que estão nas margens. Podemos entender como é um novo mundo começando com os mais vulneráveis. E essa reflexão é certamente central para o Sínodo”.