Tensão

Milhares protestam no Afeganistão contra queima do Alcorão

Milhares de muçulmanos saíram às ruas do Afeganistão nesta sexta-feira, 10, em protesto contra um pastor norte-americano que planejava queimar exemplares do Alcorão. Alguns manifestantes ameaçaram atacar bases militares dos EUA.

Uma pessoa foi morta a tiros e várias outras ficaram feridas durante um protesto em frente a um quartel alemão da Otan no nordeste do Afeganistão. A Otan informou que estava investigando as manifestações, que depois se espalharam por Cabul e pelo menos quatro outras províncias afegãs.

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O pastor evangélico Terry Jones desistiu na quinta-feira do plano de queimar exemplares do Alcorão no dia 11 de setembro, depois de enfrentar uma forte condenação internacional e ser alertado pelo presidente Barack Obama de que o ato poderia estimular atos de violência no mundo todo, inclusive atentados suicidas da Al Qaeda.

No entanto, na noite da quinta-feira, horas depois de anunciar o cancelamento de seu protesto, Jones mudou de ideia. Ele disse que havia sido enganado por um líder muçulmano da Flórida, que lhe teria prometido que um centro cultural islâmico a ser construído perto do terreno do antigo World Trade Center, em Nova York, seria mudado de lugar.

"Diante do que agora estamos ouvindo, somos forçados a repensar nossa decisão (de cancelar a queima)", disse ele à CNN. "Então, por enquanto, não estamos cancelando o evento, mas estamos suspendendo-o".

Na manhã desta sexta-feira, ele reviu novamente seus planos.

"No momento, não temos planos de fazer isso", disse Jones ao programa "Good Morning America", da TV ABC. "Acreditamos que o imã vai manter sua palavra, o que nos prometeu ontem […] Acreditamos que iremos, como ele disse e prometeu, nos reunir com o imã em Nova York amanhã".

O secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, telefonou para Jones pedindo a ele que não faça o seu protesto, segundo um porta-voz do Pentágono, pois isso iria "colocar a vida de nossos militares em risco, especialmente no Iraque e no Afeganistão".

Uma fonte do governo afegão estimou que 10 mil pessoas tenham saído das mesquitas e tomado as ruas de Faizabad (nordeste afegão) depois das preces especiais do Eid al Fitr, que marca o fim do mês islâmico do Ramadã, dedicado ao jejum e à oração.

Um manifestante foi morto quando um pequeno grupo atacou a pedradas um quartel alemão na cidade, segundo um porta-voz do governo provincial. A Otan disse estar investigando o incidente. Forças afegãs restauraram a ordem no local, e três policiais ficaram feridos por pedradas, segundo o porta-voz.

Em Nangahar (leste), chefes tribais ameaçaram atacar quartéis da Otan perto da fronteira com o Paquistão se Jones insistir no seu protesto.

Nas mesquitas da capital, clérigos qualificaram o plano de perigoso. "Os muçulmanos estão preparados para sacrificar seus filhos, pais e mães pelo Islã e pelo Alcorão", disse um pregador em Cabul, sob gritos de "Deus é grande".

Grupos conservadores consideram inadequado que uma mesquita seja construída tão perto do local onde militantes islâmicos mataram quase 3.000 pessoas há nove anos.

Mas tanto o imã da Flórida, Muhammad Musri, quanto o clérigo de Nova York que é responsável pelo projeto, Feisal Abdul Rauf, negaram então que a mudança tenha sido decidida. Jones disse que irá viajar no sábado a Nova York com Musri para se reunir com Rauf.

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