Antes mesmo do sol nascer, neste 23 de abril, Dia de São Jorge, a Zona Norte do Rio já pulsava em fé. Em Quintino, a Igreja Matriz tomada, por velas acesas, vozes em oração e a esperança de quem confia na intercessão do Santo Mártir.
Reportagem de Vinícius Cruz e Jairo Rec
Símbolo de coragem, resistência e fé. A devoção a São Jorge atravessa séculos. Mártir do século IV, ele é lembrado não apenas como o soldado que venceu o dragão, mas como o homem que preferiu a fidelidade à fé, mesmo sob perseguição.
Na tradição católica, São Jorge representa lealdade incondicional a Cristo. No Brasil, e de maneira muito especial no Rio, essa devoção é visível nos andores cobertos de rosas vermelhas, nos rostos emocionados, nos joelhos dobrados em prece. É uma fé viva, que se expressa no corpo e na alma.
Em um tempo marcado por despedidas, a celebração tornou-se também um reencontro com a esperança, alimentada por figuras que inspiram: o mártir da armadura e da fé, e o pontífice que, do Vaticano, soube tocar o coração do povo.
O mundo se despede do Papa Francisco e a celebração se tornou também um ato de gratidão. “O coração tá doído, muito doído, como no domingo ele passando pelo povo, e a gente naquela alegria de vê-lo, e já no dia seguinte, saber que ele tinha partido”, disse a paroquiana.
“Para mim está sendo uma dor muito grande, porque eu o conheci quando ele veio para o Rio de Janeiro, e aquela doçura dele eu nunca vou esquecer”, contou a peregrina.
Foi essa conexão entre fé e povo que definiu o pontificado de Francisco. Acolhedor, próximo dos pobres e atento aos que sofrem, ele anunciou o Evangelho com gestos de simplicidade, coragem e paz, valores que ecoam no exemplo de São Jorge. “Um Papa que usou da simplicidade, da humildade, para mostrar que a Igreja é para quem precisa mais”, falou o vice-prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Cavaliere.
“Um testemunho de vida, de alegria, de paz, que ele trouxa para nós todos”, concluiu o pároco da Igreja Matiz de São Jorge, padre Dirceu Rigo.
Ao longo do dia, cerca de um milhão de pessoas participaram das homenagens ao santo, num testemunho coletivo de fé, saudade e resistência espiritual.