O Papa Bento XVI recebeu em audiência, nesta segunda-feira, 9, no Vaticano, os participantes do VI Congresso Mundial da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, que teve início hoje e termina na próxima quinta-feira, 12. O evento tem como tema "Uma resposta pastoral ao fenômeno da migração na era da globalização. A cinco anos da Instrução Erga migrantes caritas Christi".
Em seu discurso, o Pontífice ressaltou o valor dos migrantes e a contribuição que podem oferecer ao desenvolvimento do país onde se encontram: "O fenômeno da migração convida a evidenciar a unidade da família humana, o valor do acolhimento, da hospitalidade e do amor ao próximo. Isso deve ser vivido em gestos cotidianos de partilha, de co-participação e de solicitude pelos outros, sobretudo pelos mais pobres. Eis porque a Igreja convida os fiéis a abrirem seus corações aos migrantes e suas famílias, sabendo que eles não são um problema, mas um recurso a ser valorizado oportunamente para o caminho da humanidade e pelo seu autêntico desenvolvimento", ressaltou o Papa.
O Santo Padre pediu aos congressistas e também ao presidente do Senado da República Italiana, Renato Schifani, presente na audiência, para que "considerem o fenômeno mundial da migração como uma condição favorável para a compreensão entre os povos, a construção da paz e de um desenvolvimento que favoreça toda nação".
Ao falar sobre o contexto atual das sociedades, Bento XVI destacou que o cenário é marcado por dramáticas histórias de migrações, porque a cada dia aumenta a desigualdade econômica entre países ricos e pobres e a crise econômica mundial fez crescer o índice de desemprego. "Homens, mulheres, crianças, jovens e idosos, milhões de pessoas que enfrentam o drama da migração a fim de sobreviver e buscar melhores condições de vida para si e seus familiares", acrescentou.
O Santo Padre destacou ainda as dificuldades vividas pelos migrantes: "muitos são obrigados a abandonarem suas terras e suas comunidades de origem e estão dispostos a aceitar trabalhos em condições degradantes que não respeitam a dignidade humana, além de enfrentar a difícil inserção nas sociedades para onde migram por causa da diversidade de língua, cultura e costumes sociais".
"O fenômeno da migração é complexo. O autêntico desenvolvimento possui sempre mais um caráter solidário", disse ainda Bento XVI. "Hoje, muitos migrantes abandonam seus países para fugir de condições de vida humanamente inaceitáveis e muitas vezes não encontram o acolhimento que esperavam. Diante destas situações complexas, como não parar para refletir sobre as conseqüências de uma sociedade que se baseia unicamente no mero desenvolvimento material?
O Papa disse ainda que, na Encíclica Caritas in veritate, ele ressaltou que o verdadeiro desenvolvimento é somente o integral, ou seja, quando engloba cada pessoa e toda pessoa. "É preciso dar respostas adequadas às grandes mudanças sociais em andamento, tendo claro que não existe desenvolvimento efetivo se não se favorece o encontro entre os povos, o diálogo entre as culturas e o respeito pelas legítimas diferenças", concluiu o pontífice.
O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, presidiu, nesta manhã a Missa de abertura do congresso, na Basílica de São Pedro. Cerca de trezentas pessoas participam do congresso.
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