A ideia foi lançada por alguns líderes religiosos cristãos paquistaneses após a reconversão em mesquita da antiga basílica bizantina, no último dia 24, por vontade do presidente turco Recep Tayyip Erdoğan
Da Redação, com Vatican News
Abrir Santa Sofia também ao culto cristão é a proposta lançada por alguns líderes religiosos cristãos paquistaneses após a reconversão em mesquita da antiga basílica bizantina localizada em Istambul, na Turquia, no último dia 24 de julho, por vontade do presidente turco Recep Tayyip Erdoğan. Com se sabe, uma decisão contra a qual nada serviram os apelos provenientes de várias partes do mundo.
Em relação à reconversão de Santa Sofia, Papa Francisco comentou, durante o Angelus de 12 de julho, seu pesar: “Penso em Santa Sofia e fico muito triste”. O Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, denunciou os riscos de tal decisão: “Ela levará milhões de cristãos em todo o mundo contra o Islã”. Em virtude de sua sacralidade, Santa Sofia, comentou o Patriarca, é um centro de vida “no qual Oriente e Ocidente se abraçam”, e sua reconversão em um lugar de culto islâmico “será uma causa de ruptura entre estes dois mundos”.
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Líderes protestantes e católicos paquistaneses destacam a possibilidade da partilha do lugar de culto. Entre seus propugnadores, o ex-presidente da Conferência dos Superiores Maiores no Paquistão, padre Abid Habib.
Partilha de lugar de culto não é fato inédito
“Os cristãos poderiam rezar no domingo e os muçulmanos na sexta-feira”, afirma o sacerdote à agência Ucanews, enfatizando que a partilha de um lugar de culto não é um fato inédito:
“Nos programas de diálogo inter-religioso, ouvi muitas vezes doutos muçulmanos citar hadith (contos sobre a vida de Maomé, ndr), em que o Profeta permitia que delegações cristãs usassem a Mesquita de Masjid-e-Nabvi em Medina. Há uma catedral em Boston que é usada pelos muçulmanos para a oração da sexta-feira e se poderia aprender desses exemplos, fazendo de Santa Sofia um lugar de culto para cristãos e muçulmanos”, afirma padre Habib.
Partilha contribuiria para promover a colaboração recíproca
Também para o presidente do Conselho Nacional das Igrejas do Paquistão, o bispo anglicano Azad Marshall, Santa Sofia deveria ser aberta a cristãos e muçulmanos:
“Consideramos que esta é uma solução praticável e contribuiria para promover a compreensão, o respeito, o diálogo e a colaboração recíproca”, declarou o bispo, fazendo votos de que o governo de Karachi se faça porta-voz das preocupações da Igreja paquistanesa junto às autoridades turcas e “desempenhe o papel que lhe compete na promoção da harmonia inter-religiosa.”
O retorno de Santa Sofia ao culto islâmico, convertida em mesquita no Séc. XV após a conquista otomana de Constantinopla e transformada em museu em 1934 por desejo do então presidente Mustafá Kemal Ataturk, tem suscitado fortes reações da parte das Igrejas cristãs no mundo.
Também importantes expoentes do mundo islâmico se uniram aos apelos contra a reconversão da antiga basílica bizantina, em particular, o Alto Comitê para a Fraternidade Humana que na semana passada escreveu uma carta de solidariedade ao Conselho Mundial de Igrejas em que afirma que os lugares de culto devem transmitir para todos “uma mensagem de paz e amor”.