O Patriarca de Antioquia dos Maronitas no Líbano afirma que grande parte da população passa fome e pede voto da ONU a favor da neutralidade do país
Da redação, com VaticanNews
Há meses, o Líbano vem passando por uma profunda crise social, econômica e política agravada pela pandemia. Depois de um impasse político-institucional, que durou pelo menos dois anos, o país agora tem um governo fortemente criticado pela opinião pública. Continuam as manifestações populares contra o custo de vida alto e a corrupção.
O Cardeal Béchara Boutros Raï, Patriarca de Antioquia dos Maronitas afirma que “grande parte da população passa fome, e este é um momento decisivo para que a comunidade internacional ajude o Líbano respondendo ao pedido de ajuda feito por Beirute”.
Uma neutralidade necessária
A crise política tem gerado dificuldades econômicas e sociais. No Parlamento libanês, há uma divisão profunda, devido à presença do grupo xiita pró-iraniano do Hezbollah, que tem um forte envolvimento nos assuntos internacionais dos países vizinhos. Toda essa situação está levando uma grande parte da população a passar fome.
A mobilização da Igreja, da Cáritas e das organizações humanitárias é relevante diante do desemprego que chega a 50%. Há grande necessidade em todos os lugares, mas antes de qualquer intervenção no Líbano, a comunidade exige a solução das questões políticas e das reformas.
“Neste momento, a ação do governo está bloqueada por uma forte oposição interna. Diante dessas dificuldades, é apropriado, segundo o cardeal, pedir à ONU uma declaração de status de neutralidade para o Líbano. Essa decisão desbloquearia a posição de espera da comunidade internacional”, diz o Cardeal Béchara Boutros Raï.
O pluralismo, salvação do Líbano
Na situação atual, a estrutura institucional libanesa multiconfessional é uma garantia de coexistência pacífica e de diálogo. Os cristãos maronitas, sunitas e xiitas têm seu próprio papel na presidência, no governo e no parlamento. A divisão do poder e das responsabilidades governamentais garante uma resposta eficaz a qualquer atrito.
Uma situação contrária não teria permitido para um país de pouco mais de 4 milhões de habitantes acolher pelo menos 2 milhões de refugiados sírios, que fugiram de uma guerra de mais de uma década, e os palestinos. Mas, certamente, lembra o Cardeal Béchara Raï, não é fácil administrar uma situação como essa.
A solução ideal seria que os refugiados retornassem aos seus lugares de origem, mas enquanto houver uma guerra, isto não é possível. Devemos salvar este país acolhedor, exorta o cardeal, e o status de neutralidade é a solução para os problemas muito sérios que estamos enfrentando.
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