Um grupo de jovens seguidores do Papa iniciou em Roma uma campanha de evangelização diferente: oferecem rosários em troca de piercings.
Na sede da associação Papaboys, num bairro próximo ao Vaticano, eles já acumulam mais de mil piercings de formatos, cores e tamanhos diferentes – troféus da empreitada evangelizadora.
“Vamos derreter tudo e criar um coração em homenagem a Maria, mãe de Jesus”, disse à BBC Brasil Daniele Venturi, presidente da associação. “Queremos que esses jovens encontrem o caminho da verdade".
Os papaboys caminham pelas ruas da cidade, durante o dia ou à noite em busca de possíveis “alvos”. “Me dá teu piercing em troca de um rosário. Vamos rezar juntos”, diz um deles durante uma dessas peregrinações. “Para que colocar mais um peso na cabeça? Larga este ferro. Te liberta”.
Classificada pela imprensa italiana de cruzada contra o piercing, a iniciativa causou polêmica no país, gerando debates na televisão estatal.
Polêmica britânica
Ela também trouxe à tona o debate iniciado na Grã-Bretanha, depois de a Igreja Anglicana ter comparado os piercings à crucificação de Cristo: “Body piercing? Jesus fez um há mais de 2 mil anos”, dizia o material publicitário, que buscava atrair os jovens ingleses à igreja e acabou enfurecendo os tradicionalistas do país.
Colin Hart, diretor da organização não-governamental (ONG) cristã britânica Christian Institute, disse que os anglicanos estavam apresentando um falso Cristianismo e que é blasfêmia comparar a crucificação ao piercing.
Na Itália, Venturi se justifica. De acordo com ele, os papaboys não iniciaram uma guerra aos piercings. Encontraram uma maneira divertida de se aproximar dos jovens.
“É uma brincadeira”, afirma ele. “Achamos que os jovens vivem pressionados por seguir a moda neste mundo em que tudo gira velozmente. Propomos um ferro diferente do piercing: um rosário, que é muito mais profundo, pode libertá-los e aumentar a potência dos seus corações”.
Na avaliação dos papaboys, o piercing é trocado em nome de uma nova amizade. Afinal, todos aqueles que abandonam o adorno, são convidados a participar da associação.
“Jesus e os apóstolos formavam um grupo de amigos”, diz Venturi. “Os papaboys também”.