Egito

Jovem muçulmano convertido ao cristianismo quer liberdade religiosa

Mohammad Ahmad Hegazi, o jovem egípcio convertido ao cristianismo, que quer ser reconhecido como tal também do ponto de vista legal, arrisca ser condenado a morte por apostasia. O mundo islâmico se defende das conversões também com leis que exaltam a propaganda muçulmana e proíbem a de outras religiões.

Pelo menos 10 mil cristãos todos os anos tornam-se muçulmanos. Mas quase nenhum por motivos religiosos. A deficiência do Islã: a falta de espiritualidade e a redução da religião a um elemento étnico, sociológico, político. Padre Samir Khalil Samir, sacerdote jesuíta, expert em Islã, analisa este assunto:

"O Islã se defende das conversões através da condenação à morte ou da prisão do apóstata. Mas a obsessão das conversões caminha junto com uma série de privilégios dados ao Islã. Em muitos países muçulmanos, também aqueles "laicos", o direito de propagar o Islã é um direito natural e não há necessidade de alguma lei; o direito de propagar uma outra religião é considerado, de fato ou por lei, inaceitável.

A propaganda islâmica é um dever do Estado: no Egito, toda semana tem canções, orações, filmes, noticias que exaltam o Islã e desprezam o cristianismo. E isso, com certeza, suscita conversões ao Islã.

Ao invés a propaganda cristã (tabshir) é proibida por lei. Recentemente na Algéria foi criada uma lei que condena a propagação da fé cristã e quem se converte. Certo, alguém pode dizer: esta lei é somente contra a proselitismo protestante. É verdade, mas os muçulmanos não fazem proselitismo? Se há uma lei, não deve ser igual para todos?

O país onde o desequilíbrio de dois pesos e duas medidas é mais evidente é a Arábia Saudita. Até mesmo o site da Saudi Arab Airlines traz escrito com clareza que em seus vôos são proibidas bíblias, crucifixos, etc. Todo sinal religioso não islâmico é vedado. No país, até mesmo dois pedaços de madeira cruzados no chão são considerados um sinal religioso e que está próximo é constrangido pela policia a pisá-lo.

A propaganda anti-cristã é vista também no uso das palavras. Em árabe os cristãos se chamam "massihi". Na Arábia usam outros dois termos: o primeiro é "salibi", que significa "cruzado". Nota-se que na época das cruzadas, os históricos muçulmanos não chamavam "cruzados" os cristãos, mas "farang”, francos. Uma outra palavra usada é "nasrami”, nazareno. A mais freqüente ainda é "kuffar”, aqueles que devem ser mortos. Uma linguagem desprezível e hostil se difunde em todo o mundo muçulmano há cerca de 30 anos.

No Egito se diz que nos últimos decênios, as conversões de cristãos ao Islã foram de aproximadamente 10 mil por ano. Quase sempre motivos práticos: para divorciar ou casar com uma muçulmana (ou um muçulmano), ou por motivos de trabalho; raramente por motivos religiosos.

Nesta atitude de Hegazi, a imprensa islâmica repetiu freqüentemente estas acusações. A palavra "tabshir", que significa "evangelização", em árabe, já adquiriu um significado negativo, e o ato é passível de prisão ou de expulsão do Egito, como em outros países muçulmanos. Ao invés a palavra "da'wa", que significa "chamado" a aderir ao islã, é considerada como positiva e é uma obrigação para todos muçulmano, ao ponto que muitos países muçulmanos tem um "ministério da da'wa", isto é, da propaganda islâmica (poderíamos dizer comparando ao dicastério vaticano "De propaganda fide")."

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