Antes da oração mariana do Ângelus, deste domingo, 22, o Papa falou sobre o Evagelho deste domingo, Mateus 10,26-33. "Nesta Palavra, o evangelista Mateus apresenta dois convites de Jesus que parecem contrapostos: a não temer e a temer", disse o Papa.
"Com estes convites somos estimulados a refletir sobre a diferença existente entre os medos humanos e o temor a Deus. O medo é uma dimensão natural da vida. Desde criança, experimentamos formas de medo, que, depois, se revelam imaginários e desaparecem", afirmou o Papa.
"Por outro lado, disse o pontífice, existe um tipo de medo mais profundo, de tipo existencial, que, às vezes, acaba em angústia: ele nasce de um sentido de vazio, ligado a uma cultura permeada por um difundido niilismo teórico e prático".
"Diante de um panorama amplo e diversificado dos medos humanos, explicou Bento XVI, a Palavra de Deus é clara: 'Quem teme a Deus não tem medo'". E acrescentou: "O temor a Deus, que as Escrituras definem como 'princípio de verdadeira sabedoria', coincide com a fé nEle, com o respeito sagrado por sua autoridade sobre a vida e sobre o mundo".
"Não temer a Deus, explica ainda o Papa, equivale a colocar-se no seu lugar, a sentir-se dono do bem e do mal, da vida e da morte. Mas quem teme a Deus sente uma segurança, como aquela que uma criança sente nos braços de sua mãe".
"Quem teme a Deus, continuou o Santo Padre, permanece tranqüilo, mesmo em meio às tempestades, porque Deus, como Jesus revelou, é um Pai repleto de misericórdia e de bondade. Quem O ama não tem medo: 'Quem crê, portanto, nada teme, porque sabe que está nas mãos de Deus, sabe que o mal e o irracional não têm a última palavra, pois o único Senhor do mundo e da vida é Cristo, que nos amou a ponto de se sacrificar, morrendo na Cruz para a nossa salvação'".
"Quanto mais crescemos nesta intimidade com Deus, impregnada de amor, mais vencemos toda forma de medo. Fortalecido por esta presença de Cristo e confortado pelo seu amor, nem mesmo o Apóstolo dos Gentios, Paulo, temeu o martírio", lembrou Bento XVI.
Ano Paulino
O Papa recordou, ainda, que daqui poucos dias, no próximo sábado, às 18 horas locais, ele irá inaugurar, na Basílica Papal de Fora dos Muros, o Ano Paulino, para celebrar o bimilenário do nascimento deste apóstolo: "Que este grande evento espiritual e pastoral possa suscitar em nós uma renovada confiança de Jesus Cristo, que nos chama a anunciar e testemunhar o seu Evangelho sem nada temer".
Filipinas
Depois da oração do Ângelus, Bento XVI lamentou a notícia do naufrágio de um navio atingido, na manhã de ontem, pelo tufão Fengshen no arquipélago das Filipinas: "Enquanto asseguro a minha solidariedade para com as populações das ilhas atingidas pelo tufão, elevo ao Senhor uma oração especial pelas vítimas desta nova tragédia marítima, na qual foram envolvidas numerosas crianças".
Líbano
O Papa lembrou que ontem em Beirute, no Líbano, foi proclamado bem-aventurado um filho daquela terra: Yaaqub de Ghazir Haddad, no civil Khalil, sacerdote da Ordem dos Franciscanos Menores Capuchinhos e fundador da Congregação das Irmãs Franciscanas da Cruz do Líbano. A elas, o Papa expressou suas felicitações e pediu ao novo bem-aventurado e aos demais santos libaneses para que aquele amado, sofrido e martirizado país possa empreender, finalmente, uma paz estável.