O Japão vai substituir três funcionários responsáveis por sua política nuclear, disse nesta quinta-feira, 4, o ministro encarregado dessa área, cinco meses depois do acidente nuclear de Fukushima, o pior do mundo nos últimos 25 anos, causado por um terremoto e um tsunami.
A mudança ocorre num momento em que o primeiro-ministro Naoto Kan busca reformular a matriz energética japonesa, para reduzir o uso da energia atômica, e melhorar a segurança das usinas nucleares.
A notícia também vem após denúncias de que autoridades responsáveis por preservar a segurança nuclear teriam tentando influenciar a opinião pública a favor desse tipo de energia.
O ministro do Comércio, Banri Kaieda, prometeu realizar mudanças importantes no ministério, inclusive substituindo seus três principais subordinados para a área nuclear – o chefe de gabinete do ministério, o chefe da agência de vigilância nuclear, e o diretor da Agência para Recursos Naturais e Energia.
"Estou planejando um sopro de ar fresco no ministério, com uma reforma de pessoal em grande escala. Terei gente nova para reconstruir o ministério", disse o ministro.
O próprio Kaieda já disse que pretende renunciar, como forma de assumir a responsabilidade por erros cometidos, mas não disse quando. Recentemente, ele chorou no Parlamento ao ser pressionado a marcar data para a renúncia.
O jornal Asahi disse que o impopular premiê Kan participou da reformulação do ministério, mas essa manobra dificilmente irá interferir no futuro da política energética japonesa, ou mesmo no destino de Kan, que também sinaliza a intenção de deixar o cargo.
Kan, que em maio ordenou o fechamento de uma usina nuclear na região central do Japão, devido ao risco de terremotos, manifesta crescente desconfiança em relação ao Ministério do Comércio. O ministério promove o uso da energia atômica, mas inclui em sua estrutura uma agência reguladora da segurança nuclear, criticada pela promiscuidade com empresas que ela deveria fiscalizar.
O governo pretende apresentar ainda nesta semana uma nova agência reguladora, mais independente.