O Irã não amplia desde maio o número de centrífugas que enriquecem urânio na sua usina de Natanz, depois de passar três anos instalando-as constantemente, segundo diplomatas.
A razão para essa parada não está clara. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU) deve divulgar nesta semana um relatório que influenciará as discussões das grandes potências a respeito de novas sanções contra o programa nuclear iraniano.
Desde maio, o Irã tem sido afetado por turbulências políticas que culminaram com denúncias de fraude nas eleições presidenciais de junho, que resultaram em manifestações violentamente reprimidas e revelaram uma profunda divisão na elite governante da República Islâmica.
Ao mesmo tempo, um político relativamente moderado assumiu a direção da agência nuclear do país, e potências ocidentais manifestaram-se a favor de sanções mais duras a Teerã caso o país não aceite negociar sua atividade nuclear até o final de setembro.
"Não houve aumento no número de centrífugas que enriquecem urânio desde o final de maio", disse um importante diplomata em Viena, onde fica a sede da AIEA, sob condição de anonimato.
Alguns diplomatas e analistas dizem que a desaceleração do enriquecimento de urânio pode se dever mais a questões técnicas do que políticas. Eles lembram que as autoridades iranianas reiteraram sua desafiadora recusa em restringir o programa, apesar da ameaça de novas sanções.
Essas fontes disseram também que o Irã poderia rapidamente retomar a expansão. Em 31 de maio, inspetores da ONU disseram que Teerã já tinha quase 5.000 centrífugas refinando urânio, e que muitas outras haviam sido instaladas e estavam sendo preparadas para entrar na cadeia de produção.
O enriquecimento de urânio é um processo que pode gerar material para usinas nucleares e, dependendo do seu grau, também para armas nucleares. Teerã rejeita as suspeitas ocidentais de que o programa teria fins militares, alegando que seu objetivo é apenas gerar eletricidade para fins civis.
O diplomata que falou à Reuters disse que há hoje no Irã um número ligeiramente inferior de centrífugas em funcionamento, porque algumas foram retiradas para manutenção e reparo.
Já o número das centrífugas instaladas, mas que ainda não foram ativadas, subiu em relação às cerca de 2.100 de maio, segundo diplomatas. Caso Teerã deseje, essas máquinas poderiam ser incorporadas em poucas semanas às linhas de produção, de acordo com analistas.
"Uma vez instaladas, levaria apenas poucas semanas para testá-las a vácuo antes que estejam prontas para enriquecer", disse David Albright, diretor do Instituto para a Ciência e a Segurança Internacional, de Washington, que monitora a proliferação nuclear.
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