As águas das inundações retrocederam na principal região produtora de carvão na Austrália nesta terça-feira, 4, o que permitiu a algumas minas retomar lentamente a extração. No entanto, algumas permanecem paralisadas,já que os devastadores efeitos das enchentes prejudicaram cerca de 200 mil pessoas e forçaram o esvaziamento de cidades da região.
As chuvas provocaram o alagamento ou prejudicaram as atividades de uma área do tamanho da França e Alemanha juntas, de acordo com o governo do Estado de Queensland. Por causa das inundações, a produção e a exportação de carvão praticamente ficaram paralisadas, o que elevou os preços do produto no mercado mundial.
Mais pessoas foram forçadas a deixar suas casas nesta terça-feira em algumas das cidades mais afetadas, enquanto moradores de regiões próximas de rios se preparavam para elevação das águas.
"É tão surreal. Não há áreas para estacionamento de carros. Em alguns locais, tudo parece uma praia", disse à rádio ABC uma mulher de Rockhampton, cidade de 75 mil habitantes que está cercada pela água e virtualmente isolada do restante do país.
O Centro de Meteorologia disse que as águas das enchentes na Bacia do rio Bowen, em Queensland, estão "certamente retrocedendo, mas o nível ainda é alto". Segundo o órgão, o pico da inundação está agora na grande região mineradora no entorno da cidade de Emerald.
A Austrália responde por mais da metade das exportações mundiais de carvão coque, vital para as siderúrgicas, especialmente em países asiáticos em expansão, como a China.
A Wesfarmers informou que está retomando a produção em sua mina de Curragh, na Bacia do Bowen, já que a água das enchentes está retrocedendo, mas medidas de força maior adotadas na exportação continuam em vigor e a previsão é que o retorno à normalidade na produção demorará até o início de fevereiro.
"Esta é uma inundação como nunca tínhamos visto antes na região e certamente nunca na existência da mina de Curragh", afirmou o diretor de Alocação de Recursos da Wesfarmers, Stewart Butel.
Minas de carvão com capacidade de produção anual de mais de 90 milhões de toneladas estão sob medidas de força maior, o que libera as empresas de cumprir obrigações contratuais e eleva os preços de longo prazo do carvão coque e térmico.
A inundação das linhas férreas prejudicou o transporte do produto ao principal porto de exportação de carvão, Gladstone, onde os navios fazem fila há dias para o carregamento destinado à Ásia.
As enchentes afetaram 35% das 259 milhões de toneladas exportadas pela Austrália em 2009. Segundo um órgão responsável pelos recursos de Queensland, os alagamentos custaram à indústria carbonífera do estado cerca de U$1 bilhão em produção.
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