A Igreja sempre buscou novos caminhos: dos púlpitos às ondas do rádio, das telas da TV às redes sociais. Agora, um novo recurso entra em cena: a inteligência artificial. Mas até que ponto ela pode ser usada para anunciar o Evangelho?
Reportagem de Matheus Alves
Imagens de Ederaldo Paulini, Redes Sociais e Ersomar Ribeiro
Na imensidão das redes sociais, onde tantas vozes disputam atenção, surge uma figura diferente: um padre que não existe de fato, mas que fala, aconselha e até reza como se fosse real. Criado por inteligência artificial, ele ganhou seguidores e abriu debate sobre fé e tecnologia.
“Acreditar num Deus bom e justo é resistir à tentação do desespero. É escolher não se conformar com o mal, mas ser parte da resposta. Alimentar quem tem fome, consolar quem sofre, denunciar a injustiça”, falou o personagem feito por IA, padre Tonho.
Esse é o padre Tonho. E como pode perceber até eu repórter fui digitalizado pela inteligência artificial para simular um diálogo com ele. “Parece muito real por causa da inteligência artificial, mas também porque ele fala coisas reais. Ele fala coisas que as pessoas precisam ouvir, que elas sabem que é verdade”, declarou o criador do personagem, Wagner Moura.
A iniciativa desperta curiosidade. Para alguns pode ser apenas entretenimento, para outros uma oportunidade de levar a palavra de Deus a quem talvez nunca entraria numa Igreja. “Esse é o grande tema do momento, na verdade. ‘Será que a inteligência artificial vai substituir profissões, substituir influências?’ Na verdade não, acrescenta mais ao nosso trabalho”, continuou Wagner.
Seja humano ou virtual, a figura do padre nas redes sociais provoca reflexão. Afinal, o que vale mais? A origem da mensagem ou a verdade que ela transmite? “O que mais é importante nesse processo é que as pessoas tenham consciência que realmente é uma inteligência artificial, é o cuidado com a desumanização. Então a gente começar a substituir aquilo que é inteligência artificial, substitui o ser humano, que é uma realidade que hoje o Papa tá preocupado, o Papa Francisco já estava, a gente tem sempre que tomar esse cuidado”, atentou o missionário da Comunidade Canção Nova, padre Roger Luis.
A Igreja acompanha de perto, reconhece que a tecnologia pode ser ponte, mas lembra que o coração da fé está no encontro real, no sacramento, no abraço que não se digitaliza. “Eu acredito que o perfil tem servido nesse aspecto formativo, até mesmo interativo, mas a gente tem que ter sempre esse cuidado de avaliar”, concluiu padre Roger.
Entre riscos e possibilidades, a inteligência artificial mostra que também pode ser instrumento, desde que a serviço do bem e sempre iluminada pelo Espírito Santo.