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Catequese

Íntegra da Catequese de 17 de dezembro

Queridos irmãos e irmãs
Iniciamos hoje os dias do Advento que nos preparamos imediatamente para o Natal do Senhor: estamos na Novena de Natal que em tantas comunidades cristãs é celebrada com liturgias ricas de textos bíblicos, todos direcionados para alimentar a espera pelo nascimento do Salvador. A Igreja toda, de fato, concentra seu olhar de fé nesta festa que está tão próxima, nos predispondo, como a cada ano, para nos unir ao cântico alegre dos anjos, que no coração da noite anunciarão aos pastores o evento extraordinário do nascimento do Redentor, convidando-os a irem a gruta de Belém. Lá estará o Emanuel, o Criador feito criatura, envolto em faixas e reclinado em uma pobre manjedoura. (cfr Lc 2,13-14).

Para o clima que o distingue, o Natal é uma festa universal. Mesmo quem não professa a fé, de fato, pode perceber neste acontecimento cristão algo de extraordinário e de transcendente, algo de íntimo que fala ao coração. É a festa que canta o dom da vida. O nascimento de uma criança deveria ser sempre um evento que traz alegria; o abraço de um recém-nascido suscita normalmente sentimentos de atenção e de cuidado, comoção e ternura.

O Natal é o encontro com um recém-nascido que chora em uma miserável gruta. Contemplando-o no presépio como não pensar em tantas crianças que ainda hoje vem à luz em uma grande pobreza, em muitas regiões do mundo? Como não pensar nos recém-nascidos não acolhidos e rejeitados, naqueles que não conseguem sobreviver por carência de cuidados ou de atenção? Como não pensar também nas famílias que gostariam de ter a alegria de um filho e não vêem preenchida esta espera? Sob o impulso do consumismo hedonista, infelizmente, o Natal corre o risco de perder seu significado espiritual para reduzir-se a mera ocasião comercial de compras e troca de presentes! Na verdade, porém, as dificuldades, incertezas e a própria crise econômica que nestes meses estão vivendo tantíssimas famílias, e que diz respeito à toda a humanidade, podem ser um estímulo para redescobrir o calor da simplicidade, da amizade e da solidariedade, valores típicos do Natal. Despojado das crostas consumistas e materialistas, o Natal pode se tornar assim um ocasião para acolher, como presente pessoal, a mensagem de esperança que emana do mistério do nascimento de Cristo.

Tudo isso, porém, não basta para colher em sua plenitude o valor da festa a qual estamos nos preparando. Nós sabemos que esta celebra o acontecimento central da história: a Encarnação do Verbo divino pela redenção da humanidade. São Leão Magno, em uma das suas numerosas homilias natalícias exclama assim: "Exultemos no Senhor, óh meus queridos, e abramos o nosso coração à alegria mais pura. Porque surgiu o dia que para nós significa a nova redenção, a antiga preparação, a felicidade eterna. Se renova, de fato, para nós, no recorrente ciclo anual o alto mistério da nossa salvação que, prometido, no início e combinado para o fim dos tempos, é destinado a durar sem fim" (Homilia XXII). 

Sobre esta verdade fundamental retorna mais vezes São Paulo em suas cartas. Aos Gálatas, por exemplo, escreve: "Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sujeito a Lei… para recebermos a dignidade de filhos" (4,4). Na Carta aos Romanos evidencia as lógicas e exigentes consequências deste evento salvífico: "E, se somos filhos (de Deus), somos também herdeiros: herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, se, de fato, sofremos com ele, para sermos também glorificados em ele" (8,17). Mas é principalmente São João, no Prólogo do quarto Evangelho, a meditar profundamente sobre o mistério da Encarnação. E é por isso que o Prólogo faz parte da liturgia do Natal desde os tempos mais antigos: nele se encontra, de fato, a expressão mais autêntica e a síntese mais profunda desta festa e do fundamento de sua alegria. São João escreve: "Et verbum caro factum est et habitavit in nobis / E a Palavra se fez carne e veio morar entre nós" (Gv 1,14).

No Natal, portanto, não nos limitamos a comemorar o nascimento de uma grande personagem; não celebramos simplesmente e em abstrato o mistério do nascimento do homem ou em geral o mistério da vida; muito menos festejamos só o início da nova estação. No Natal recordamos algo tão concreto e importante para os homens, algo de essecial para a fé cristã, uma verdade que São Joao resume em poucas palavras: "A Palavra se fez carne". Trata-se de um evento histórico que o evangelista Lucas se preocupa em situar em um contexto bem determinado: nos dias que saiu um decreto para o primeiro recenseamento de César Augusto, quando Quirino já governador da Síria (cfr Lc 2,1-7).

Portanto, é em uma noite historicamente datada que se verificou o evento da salvação que Israel esperava há séculos. No escuro da noite de Belém se acende, realmente, uma grande luz: o Criador do universo se encarnou unindo-se indissoluvelmente à natureza humana, a fim de ser realmente "Deus de Deus, luz da luz" e ao mesmo tempo, verdadeiro homem. Aquilo que João, chama em grego "ho logos" – traduzido em latim "Verbum" e em português "O Verbo" – significa também "o Sentido". Portanto, poderíamos entender a expressão de João assim: o "Sentido eterno" do mundo fez concreto aos nossos sentidos e à nossa inteligência: agora podemos tocá-lo e contemplá-lo (cfr 1Gv 1,1).

O "Sentido" que se fez carne não é simplesmente uma idéia geral radicada no mundo; é uma "Palavra" dirigida a nós. O Logos nos conhece, nos chama, nos guia. Não é uma lei universal, para a qual nós realizamos algum papel, mas é uma Pessoa que se interessa de cada pessoa particular: é o Filho do Deus vivo, que se fez homem em Belém.

A muitos homens, e de certo modo a todos nós, isto parece belo demais para ser verdade. De fato, aqui nos é afirmado novamento: sim, existe um sentido, e o sentido não é uma protesto impotente contra o absurdo. O Sentido tem poder: é Deus. Um Deus bom, que não pode ser confundido com outro ser excelso e distante, ao qual jamais se poderia alcançar, mas um Deus que se fez nosso próximo e nos é muito próximo, que tem tempo para cada um de nós e que veio para permanecer conosco. É então espontâneo perguntar-se: "É possível uma coisa do tipo? É digno de Deus se fazer criança?" Para buscar abrir o coração a esta verdade que ilumina toda a vida humana, é preciso dobrar a mente e reconhecer a limitação da nossa inteligência. Na gruta de Belém, Deus se mostra humilde "infante" para vencer nossa soberba. Talvez nos renderíamos mais facilmente diante do poder, diante da sabedoria; mas Ele não quer que nos rendamos; ao contrário, ele apela ao nosso coração e à nossa livre decisão de aceitar o seu amor. Se fez pequena para nos libertar daquela humana pretensão de grandeza que brota da soberba; se encarnou livremente para nos fazer livres, livres para amá-lo.

Queridos irmãos e irmãs, o Natal é uma oportunidade privilegiada para meditar sobre o sentido e sobre o valor da nossa vida. O aproximar-se desta solenidade nos ajuda a refletir, por um lado, sobre a dramaticidade da história na qual os homens, feridos pelo pecado, estão perenemente à busca da felicidade e de um sentido do pagamento do viver e morrer; por outro lado, nos exorta a meditar sobre a bondade misericordiosa de Deus, que veio ao encontro do homem para comunicar-lhe diretamente a Verdade que salva, e para torná-lo participante de sua amizade e da sua vida. Nos preparemos, portanto, para o Natal com humildade e simplicidade, dispondo-nos a receber como presente a luz, a alegria e a paz, que por este mistério se irradiam.

Acolhemos o Natal de Cristo como um evento capaz de renovar hoje a nossa vida. O encontro com o Menino Jesus nos torne pessoas que não pensam somente em si mesmas, mas se abrem à expectativas e necessidades dos irmãos. Nesta maneira, nos tornaremos também nós testemunhas da luz que o Natal irradia sobre a humanidade do terceiro milênio. Peçamos a Maria Santíssima, tabernáculo do Verbo encarnado, e a são José, silencioso testemunho dos eventos da salvação, de comunicarmos os sentimentos que eles nutrem enquanto esperamos o nascimento de Jesus, de maneira que possamos nos preparar para celebrar santamente o próximo Natal, na alegria da fé e animados pelo compromisso de uma sincera conversão. Feliz Natal a todos!

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