A cúpula da Igreja Católica e o presidente da Bolívia, Evo Morales, se encontraram nesta quinta-feira, 4, na cidade de Cochabamba, onde se realiza a Assembléia anual da Conferência Episcopal Boliviana.
Morales recorreu ao arcebispo de Santa Cruz de La Sierra, Cardeal Julio Terrazas Sandoval, após manifestações de forte oposição ao seu governo por parte de governadores que organizaram um referendo para aprovar a autonomia de suas regiões.
Ontem, em Santa Cruz de La Sierra, a região mais rica do país e que lidera a revolta, mais de 300 mil pessoas compareceram a uma manifestação de produtores agrícolas para afirmar sua intenção de organizar o referendo de autonomia, previsto para o dia 4 de maio, declarado ilegal por Morales.
No encontro, expoentes da Igreja e Morales expressaram sua abertura ao diálogo com a oposição e à busca da paz no país.
Por sua vez, na abertura da Assembléia da Conferência Episcopal, o Cardeal Terrazas Sandoval afirmou que está "persuadido de que é impossível facilitar o diálogo" entre o presidente Morales e seus opositores. "A Igreja se encontra em meio à desconfiança recíproca, às pressões e à violência, que impedem o diálogo", disse.
O cardeal se reunirá também nas próximas horas com o chanceler da Argentina, Jorge Taiana, e o vice-chanceler colombiano, Camilo Reyes, que chegaram ontem a La Paz para tentar mediar a crise.
Está prevista para hoje a chegada do chanceler brasileiro, Celso Amorim. Em apoio ao governo da Bolívia em seu esforço de manter a unidade nacional, intervieram ainda o Banco Mundial, a União Européia e a Organização dos Estados Americanos.