498 fiéis martirizados na perseguição religiosa durante a Guerra Civil Espanhola (1934-1939), foram beatificados este Domingo; trata-se de dois bispos, 24 sacerdotes diocesanos, 462 membros de Institutos de Vida Consagrada (religiosos), um diácono, um subdiácono, um seminarista e sete leigos, homens e mulheres. O mais novo tinha 16 anos; o mais velho, 78.
A Missa com a cerimónia de beatificação aconteceu na Praça de São Pedro e foi presidida pelo Cardeal D. José Saraiva Martins, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, e foi concelebrada pelos bispos espanhóis presentes em Roma, pelos superiores gerais das ordens religiosas e por mais de mil sacerdotes diocesanos e religiosos, na presença de 2.500 familiares dos mártires e dezenas de milhares de pessoas .
A maioria dos sacerdotes concelebrantes procedia das dioceses, ordens e congregações de origem dos novos bem-aventurados.
Durante o rito de beatificação o Cardeal-arcebispo de Madrid, Antonio María Rouco Varela, arquidiocese à qual pertence o maior número dos mártires, aproximou-se do altar acompanhado dos bispos das dioceses que foram responsáveis pela instrução das 23 causas de beatificação e pelos respectivos postuladores e, com breves palavras, solicitou a Bento XVI que os nomes dos mártires fosse inscritos no “álbum dos bem-aventurados”.
Depois, o Cardeal Saraiva Martins fez a leitura da carta apostólica de Bento XVI, de beatificação. O rito foi concluído com palavras de agradecimento do Cardeal-arcebispo de Madrid. “Os mártires não alcançaram a glória só para si mesmos. O seu sangue, que embebeu a terra, foi sulco que produziu fecundidade e abundância de frutos”. Recordou-o o cardeal Saraiva Martins, na homilia da Missa de beatificação .
“Este tão numeroso grupo de bem-aventurados – sublinhou o Prefeito da Congregação para as causas dos Santos – manifestou até ao martírio o seu amor a Jesus Cristo, a sua fidelidade à Igreja Católica e a sua intercessão junto de Deus, por todo o mundo. Antes de morrer perdoaram aos que os perseguiram, mais ainda, rezaram por eles”.
“Como afirma o Catecismo da Igreja Católica: ‘o martírio é o testemunho supremo prestado à verdade da fé’. Seguir Jesus significa, de facto, segui-lo mesmo na dor e aceitar as perseguições por amor do Evangelho”.
“Os mártires não alcançaram a glória só para si mesmos. O seu sangue, que embebeu a terra, foi sulco que produziu fecundidade e abundância de frutos – sublinhou o cardeal Saraiva Martins, que recordou o convite lançado por João Paulo II para que se conserve a memória dos mártires: “Se se perdesse a memória dos cristãos que sacrificaram a vida para confessar a fé, o tempo presente, com seus projetos e ideais, perderia uma preciosa componente, já que os grandes valores humanos e religiosos deixariam de estar corroborados por um testemunho concreto, inscrito na história”.
“A vida cristã – destacou ainda o cardeal Saraiva Martins – não se reduz a uns atos de piedade individuais e isolados, mas há-de abarcar cada instante dos nossos dias na terra. Jesus Cristo há-de estar presente no fiel cumprimento dos deveres da nossa vida ordinária, tecida de pormenores aparentemente pequenos e sem importância, mas que assumem relevo e grandeza sobrenatural quando realizados com amor sobrenatural”.